1 de junho de 2009

Incorporando

Quando simplesmente olho
Para a ladeira da rua daqui
De casa,
Minha mente já começa a viajar.
Pois sei que depois dela está
Uma avenida, e a continuação da rua,
E depois mais ruas, e mais um bairro,
Até chegar nas serras que limitam
Arcoverde com Buíque.

E é chão, e mais chão
Até chegar à margem norte do Velho
Chico,
Onde do outro lado está o chão seco
E sofrido do Sertão alagoano.
A partir daqui, é possível obter um
Breve vislumbre de Sergipe, mas
Sem sair de território baiano.
Terra abençoada, dizem, mas

É uma terra de contrastes,
Essa Bahia. Aqui no norte do
Estado,
Temos sol, seca, e o sangue que
ainda escorre de um velho arraial
Arrasado. Mas basta passar por Feira
De Santana para perceber que algo
Está diferente. Creio que acabamos
de entrar no mundo de Jorge. Amado.

Minas, Minas e mares de morro
Que sobem, e descem, apinhados
De História,
De ferro, e trem. Trem. De Ferro.
Maria-Fumaça que resiste ao tempo e
À modernização de asfalto, nem sempre
Tão moderno. Leite, que se toma com
Café. Que se toma com dinheiro. Que
Rola em grande quantidade aqui,

Em São Paulo. Interior rico de
Alphavilles, pobre de emoção, pobre
De humanidade,
Para aqueles que produzem riqueza,
Mais-valia. Moedor de gente nos prédios,
metrôs, viadutos, plantações de cana,
Laranja, uva. Soja e gado por procuração.
Supera-se, supera-se, tudo se supera,
Ainda mais quando minha mente equilibra-se,

Na Serra do Mar. E chega próximo aonde
Ela quer estar. Desce a serra de mansinho,
Devagarinho,
Pois quero ter a lembrança de cada momento,
De cada batida forte do coração, quando
Chego perto. Coração que me avisa do que
Está por vir (espero!): Redenção de minha
Alma, farol dos meus sonhos, calor em pleno
Frio.

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