19 de julho de 2008

Old MacDowell

Eu andava precisando mesmo desopilar um pouco minha memória. Não é fácil passar o tempo todo estudando pra concursos. Então resolvi que iria plantar uma horta de temperos aqui no quintal de casa. Pesquisei tudo, e parecia fácil no papel.

Parecia, e no papel. Não consegui carpir o terreno todo, mesmo com luvas grossas nas mãos. O resultado é que forçosamente mudei meus planos e vou ter de recorrer aos vasos mesmo.

15 de julho de 2008

Ainda Daniel Dantas

Os brasileiros sentiram nesta terça-feira o cheiro mais forte da pizza no forno: a equipe de delegados encarregada do caso, chefiada por Protógenes Queiroz, acaba de ser convenientemente afastada do caso Dantas-Nahas-Pitta para realizar um "curso de capacitação" obrigatório. Acho que está mais do que na cara que eles estavam incomodando muita gente.

É importante que tenhamos em mente duas coisas: a primeira é a de que a população não pode ficar simplesmente de mãos abanando em relação a tantos desmandos que põem em risco a integridade das instituições no Brasil, se é que as mesmas não merecem um abalo ou a completa destruição para que algo novo e melhor surja no lugar. A segunda é a de que, mesmo que tenham descaradamente favorecido o processo em prol do grupo de Dantas, a sua meteórica prisão é um indício de que os tempos neste país estão mudando. Fosse alguns anos atrás, Dantas estaria fazendo uma aparição sorridente na capa da revista Exame como um dos "notáveis" no mundo dos negócios do Brasil. Isto é, se isso já não ocorreu de fato.

11 de julho de 2008

Update

O empresário Eike Batista, aquele mesmo que levou um par de chifres de Luma de Oliveira com um bombeiro que ganha provavelmente um milésimo do que ele ganha em um mês, está sendo investigado pela Polícia Federal por irregularidades na operação de uma estrada de ferro e de uma jazida de ouro no Amapá.

Run to the hills.

Opportunity, Not The Mars Lander

Daniel Dantas conseguiu de novo. Depois de uma prisão-soltura-outra prisão, agora nós temos outra soltura proporcionada sem passar pela vara federal de São Paulo, ou pelo STJ. A impressão que se tem é de que o advogado do referido banqueiro, investidor e escroque só falta recorrer à própria providência divina caso as coisas dêm errado. Direto, sem intermediários.

Ok, vamos lá:

- Baseado em uma suposta "espetacularização" das prisões dos envolvidos nesta operação, e numa também suposta ausência de provas, o egrégio Gilmar Mendes concede diretamente um habeas corpus ao senhor Dantas e trupe. Oras, meritíssimo, a espetacularização das prisões é um problema da mídia no Brasil, e não da atuação do Judiciário federal ou da Polícia Federal. O processo foi corretíssimo, segundo a grande maioria dos juristas que manifestaram sua opinião. Além disso, nunca um ministro do STF disse sequer um ai contra a espetacularização feita nas prisões mostradas em programas como os do Datena, do Cardinot ou do Alborghetti. Reforça-se a idéia de que o STF, guardião da Constituição, funciona com dois pesos e duas medidas, dependendo da renda ou influência do cidadão em questão;

- Outro fator que corrobora a hipótese dos estamentos judiciários é a quebra do processo judiciário para o julgamento de habeas corpus, uma vez que deveria passar primeiro pelo juiz responsável pelo processo, para, em caso de indeferimento, ser encaminhado ao STJ e posteriormente, em caso de novo indeferimento, ao STF. Quantos cidadãos não dispõem de bons advogados e influência na justiça para conseguir tal feito?

- Terceiro, é visível o desespero de muitas pessoas nos mais altos escalões do governo, e que em algum momento tiveram contato com o senhor Dantas et caterva, por medo que o mesmo venha a, como se diz no popular, "jogar merda no ventilador". A insistência do ministro Gilmar Mendes em conceder sucessivos habeas corpus a alguém que tentou subornar um delegado da PF e que consequentemente tem capacidade de fazer o diabo com todas as evidências que possam incriminá-lo é, no mínimo, sintomática. Mais ainda quando se sabe que o mesmo requereu a investigação do juiz De Sanctis, responsável pelo processo que resultou na operação Satiagraha, pelo Conselho Nacional de Justiça.

- Em tempo: mais de 100 juízes assinaram um manifesto de apoio ao juiz De Sanctis e em agravo ao ministro Gilmar Mendes. O juiz De Sanctis é referido no manifesto como sendo "conceituado, respeitado" e que "tem que ter independência funcional para decidir com independência e sem receio.";

Parafraseando as palavras imortais de Shakespeare em sua opus maxima, "Há algo de podre neste Reino da Dinamarca".

9 de julho de 2008

A Menina Sem Nome

Da V-Otakupedia, a minha enciclopédia pessoal otaku.

A Menina Sem Nome é uma entidade que desde que voltei para Arcoverde, aparece como um punctum no mangá de minha existência. Desde cerca de maio ou abril do ano passado, ocorrem encontros recorrentes na rua ou no meu local de trabalho efetivo (i.e., a padaria dos meus pais), sem no entanto que haja uma troca de palavras ou uma mudança na mesma expressão monotônica de seu humor. Entra na classificação de frozen beauty, embora não seja exatamente tão beauty assim.

No entanto, segue chamando a atenção. Ainda mais agora que tive a certeza que ela não é um bot e ela demonstrou uma emoção: mais precisamente um sorriso de satisfação por um serviço prestado por mim. O resultado é que eu agora quero transformá-la de menina sem nome para menina muito bem conhecida.

5 de julho de 2008

Seja Proativo! E Outros Clichês

O que a necessidade não faz... Embasbacado com a quantidade e dificuldade de questões de marketing existentes na seleção de jornalistas da Petrobrás, procurei saber o máximo de coisas possível sobre o assunto, e cheguei ao cúmulo de me matricular em um mini-curso de marketing na associação comercial local. O inocente aqui achou até que poderia ser um curso normal, com professores normais.

Quando eu chego lá, vejo um daqueles gurus de Administração de Empresas, cheio de frases de efeito, dinâmicas de grupo engraçadinhas e anúncios de felicidade a qualquer custo. Ninguém é perfeito e eu estou precisando mesmo aprender o negócio, então respirei fundo e aguentei uma semana inteira disso. O cara até que não ensinava tão mal assim. Pra falar a verdade, ele conhecia bastante sobre o assunto, verdade seja dita.

Mas aí, no final do curso, ele me sai com esta, quando fui cumprimentá-lo e me despedir:

- Não desperdice seus conhecimentos na área pública. Monte um negócio próprio pra você, e não caia nessa ilusão de emprego pra sempre. Ah, e faça essa barba.

E ainda me perguntam porque não fiz Administração na faculdade...