30 de novembro de 2007

Tão Longe, Tão Perto

Nesta semana, um motim nas Filipinas liderado por soldados que enfrentavam julgamento por outro motim anteriormente ocorrido no início da década foi debelado por tropas do governo, que invadiram o hotel onde os amotinados estavam de uma maneira extremamente sutil: jogaram um blindado dentro do hall. Eles foram presos, juntamente com alguns jornalistas que cobriam o evento, e vão enfrentar outro processo militar.

Alguém aqui conhece a história das Filipinas desde a sua independência "formal" em 1898 e a "de facto" em 1946?

Como se sabe, as Filipinas, junto com Cuba e Porto Rico, foram alguns dos últimos bastiões do imperialismo espanhol fora do Marrocos, Saara Ocidental e da Guiné Equatorial. Foi aí que se tornaram o primeiro bastião do imperialismo americano, servindo como domínios de fato ainda que os ianques não gostassem muito de admitir que estavam fazendo o mesmo jogo dos europeus que fingiam ter ojeriza.

A questão é que os filipinos, desde alguns anos antes da guerra Hispano-Americana, já travavam uma luta de independência sangrenta, liderada pelo general Emilio Aguinaldo, uma espécie de Simon Bolívar do Sudeste Asiático. Só que a revolta, que se prolongou pelos primeiros anos de domínio americano, foi sufocada. As coisas ficaram relativamente na mesma até a Segunda Guerra e a invasão japonesa, que fez a parca administração norte-americana acabar de vez tendo em vista o esforço de guerra em outras partes do Pacífico. Sob muitos aspectos, os filipinos lutaram sozinhos e isso reacendeu o nacionalismo deles, que finalmente ganharam a independência em 1946.

Ganhar a independência, na verdade, é apenas uma maneira simpática de falar sobre os fatos. Os EUA deram apoio para sufocar rebeliões comunistas e islâmicas, mantendo no poder um calhorda como Ferdinand Marcos (sem esquecer de sua "adorável" Imelda, a dos trocentos pares de sapato). Em troca, Marcos deixou os EUA usarem o país como base de contenção do comunismo na região do Extremo Oriente. Isso não matou a guerrilha, que continuou a combater no meio das florestas e montanhas, nem a oposição, que ganhou novo alento com a liderança do líder exilado Benigno Aquino.

Num momento em que as pressões populares por redemocratização aumentaram, Marcos permitiu que Aquino voltasse ao país, embora ele fosse morto por um atirador praticamente na escada do avião. A esposa de Aquino, Corazón, retomou a luta pelo fim da ditadura e eventualmente conseguiu, vencendo as primeiras eleições e depois passando a faixa presidencial para Fidel Ramos, seguido depois pela atual presidente Gloria Arroyo.

Depois de ler essa história, eu fiquei impressionado em como eles poderiam perfeitamente ser uma república das bananas típica da América Central. Certo que falam o filipino, que pouco tem a ver com o espanhol, mas a sucessão de golpes, contra-golpes, guerrilhas rurais e intervenção americana, até mesmo um proto-caudilho na história...

29 de novembro de 2007

Top 5 Anime

Aquela italiana parece que está numa creativity spree, dado a produção de posts interessantes nesta semana. Ela fez um post recente sobre os melhores animes de sua época, filmes e séries. E comprovou o que eu pensava: italianos e franceses tinham acesso a mais animes legais durante a década de 80 que nós. Eu vou fazer uma listinha, só que como eu não acompanhei muitos animes durante minha vida, eu vou ficar em uma categoria só, e coloco mais um que eu adoraria ver. Aí vai.

5. Lupin Sansei: Um dos primeiros animes lançados, foi revolucionário para a época por abordar abertamente temas como sexualidade e violência sob uma perspectiva glamourosa. Reinaldo Azevedo ia cair pra trás se visse. O fato é que conta a história de um ladrão internacional, membro de uma família tradicional de ladrões com origem na França, sendo ele o terceiro da linhagem (por isso o Sansei = terceira geração). Além do mais era divertidíssimo, contando as tentativas do mesmo de comer uma peituda chamada Fujiko e terminando pelado e "na mão", mostrando as pernas magrelas e cabeludas.

4. Bleach: Um dos poucos animes modernos que conseguiu chamar a minha atenção, devido à sua visão espiritualista que se aproxima da minha própria cosmovisão. Trata da história de Ichigo Kurosaki, um médium consciente que de repente encontra uma shinigami (espécie de guia de almas) encarregada de combater espíritos malévolos, chamados de hollows devido aos vazios em suas vidas post-mortem. Ao derrotar um hollow, um shinigami efetua o konsou nas almas, limpando-as dos crimes e enviando para um lugar melhor... isso se o cara não for muito ruim, senão pega a Highway to Hell... As sequências de artes marciais são ótimas, eletrizantes.

3. Neon Genesis Evangelion: De longe, um dos animes mais profundos que eu já assisti. Da primeira vez que eu vi a série completa (inclusive aquele final extremamente controverso) eu fiquei com as questões apresentadas martelando minha cabeça um bom tempo. Para quem não conhece, é a história de um grupo de adolescentes num futuro semi-pós-apocalíptico em que precisam combater estranhos extra-terrestres que ameaçam a existência humana na Terra. Pior: o Apocalipse referido nas sagradas escrituras referia-se aos próprios...

2. Macross: Eu adoro o traço dos animes dos anos 70 e 80, tanto dos personagens quanto das estruturas. E nesse caso aqui, ambos são belíssimos, especialmente o primeiro filme de Macross com aqueles caças VF-1 com Jolly Rogers nos lemes... enfim, sem desviar-se do assunto, trata igualmente de um embate envolvendo humanidade e aliens, sendo que esses aliens são humanóides com 15 metros de altura, o que força o desenvolvimento de novos caças-robô humanóides para enfrentar essa ameaça.

1. Saint Seiya: E precisa dizer mais? Saint Seiya é hors-concours pra muita gente em todo o Brasil, marcando a mente de um monte de pré-adolescentes, principalmente em 94, 95 e 96. O desenho de Masami Kurumada é simplesmente lindo, e a temática até hoje empolga. Tem uma colega minha que falou pra todo mundo na nossa sala da faculdade que achava Shiryu de Dragão a coisa mais linda do mundo, com aquele longo cabelão... Eu preferia ver os socos e pontapés, bem como a superação constante de limites.

O que eu queria ver: Não é bem ver, é ler mesmo. A obra prima de Osamu Tezuka, precursor de quase todos os mangás e animes hoje existentes. Phoenix foi publicada dos anos 60 até os últimos dias de Tezuka-sama, e tratava de um dos mais contundentes temas já trabalhados em HQ: a busca pelo poder e pela imortalidade, personificados na figura da mítica ave que ressurge das cinzas quando queimada até a morte. O panorama da humanidade é traçado em toda a obra, 12 livros no total, desde os seus primórdios civilizatórios até o seu derradeiro momento no Universo. Tudo isto descrito de uma maneira a levar lágrimas aos olhos.

28 de novembro de 2007

Bunda de Índio

Discussão na comunidade "Coisas da Diplomacia", no orkut, sobre o que ocorreria com Pernambuco caso o domínio holandês tivesse continuado. Não obstante Suriname e Indonésia já terem oferecidos ótimos exemplos, Rafael Galvão, aquele baiano, deu uma ótima dica do que aconteceria: muito provavelmente Salvador, que já foi ocupada pelos neerlandeses, se chamaria Johannesburg e ele teria que passar por um monte de preconceitos para ter intercurso sexual com alguma moça "de cor" e da bunda durinha. Há gente que teima em não acreditar, mas, num mundo onde tem gente que dá crédito ao Mídia Sem Máscara, tudo é possível.

Enfim, mas no meio da discussão tem um sujeito que aparece emulando uma escrita que se pretende ser a de um brasileiro que mora há muitos anos na Alemanha e teria supostamente esquecido muito da língua pátria, e fala, com uma propriedade doutoral, que as "pontes de Olinda foram construídas por Maurício de Nassau" e que "influências holandesas são percebidas na arquitetura da região de Serra Talhada".

* * *

Muito prazer. Meu nome agora é Viktor Veerhoeven, e descobri que minha ascendência européia é na verdade de um simpático vilarejozinho na região de Gelre. Falando nisso, vou embarcar semana que vem para assumir o polder da família, onde se cria vacas e se plantam tulipas. Pelo menos antes de o mar invadir tudo com o aquecimento global...

* * *

Vamos aos fatos:

- Relevando o erro de as pontes históricas de Pernambuco se localizarem na verdade no Recife, a ponte (isso, foi somente uma) que Maurício de Nassau construiu na verdade era de madeira e jamais poderia durar até os tempos modernos. A ponte mais antiga do Recife é a Princesa Isabel, aquela que vai dar no início da Rua da Concórdia, e foi construída no século XIX;

- Nem em sonho os holandeses chegaram tão para o interior ao ponto de sua influência se fazer sentir em Serra Talhada. Fosse assim, Arcoverde seria a Eindhoven do semi-árido. O máximo que eles chegaram, acho, foram aos pés da serra das Russas, e ainda assim sem povoamentos importantes. A influência européia que se faz sentir na maior parte do sertão nordestino é na verdade inglesa, fruto do intercâmbio cultural presente durante a implantação da ferrovia na região, em fins de período vitoriano. Ou nem isso. Mesmo as cercas de pedra de Triunfo e Venturosa, e que podem ser encontradas ainda em outros lugares (na fazenda de meu falecido avô mesmo tinha) eram provavelmente influência portuguesa, certamente mais seguro que enveredar por uma hipótese remota de ocupação holandesa no sertão.

27 de novembro de 2007

Conquista?

Esta semana, relatório do PNUD aponta que o Brasil alcançou pela primeira vez a faixa de alto desenvolvimento humano do IDH, o índice de desenvolvimento humano, que entre outras coisas mede a taxa de analfabetismo, a expectativa de vida e a renda per capita de uma população. Mas, ironia do destino, mais países atingiram a mesma faixa e o Brasil acabou caindo da 69ª para a 70ª colocação, sendo superado por países como Arábia Saudita e Albânia.

Apesar do aparente fracasso, corroborado pelos ainda péssimos indicadores do índice de Gini (superando a marca dos 51 pontos, o que é vergonhoso), é a primeira vez que tal fato ocorre e os analistas do PNUD são categóricos em afirmar que a subida brasileira se deve ao ótimo cenário externo, ao crescimento da economia, à melhoria geral da qualidade de vida da população, e principalmente a programas de redistribuição de renda, como o Bolsa Família e o Fome Zero.

É verdade que o governo Lula está longe de ser um governo perfeito e que a eles cabem pesadas críticas, mas por questões que remetem à própria história política do país e à caracterização das ideologias partidárias, bem como seus grupos de apoio, a oposição e em especial o PSDB não estão aproveitando estes aspectos e continuam na boa e velha cantilena de que podem fazer melhor sem oferecer alternativas concretas. E o que eu estou fazendo aqui é uma análise fria.

Não é preciso ser nenhum especialista em ciência política para perceber que a grande massa eleitoral está pouco se lixando para o fato de o PT ter copiado as políticas tucanas que deram certo. O problema é que, considerando que as mesmas foram "copiadas", elas estão dando certo agora, e não antes. Se alguém chega e propõe acabar com tais benefícios em nome do bem-estar geral da economia brasileira (que no presente momento, e não antes, vai muito bem, obrigado), é lógico que vai ser rechaçado lindamente nas urnas.

E com tanto tempo de poder, ainda não perceberam isso. Francamente.

26 de novembro de 2007

E Quando A Gente Procura...

... acha.

Eu era louco para saber quem era uma cafuçuzinha que aparecia dançando em uma das inúmeras vinhetas da MTV. Era o clássico estereótipo da estudante de arquitetura do CAC, uma personagem que sempre me agradou bastante, e ainda continua exercendo seu fascínio sobre esta pessoa. Imagino que deve haver gente que tem fantasias eróticas com aquelas réguas "T", mas, bom, ainda bem que eu sou um menino do interior.

Enfim, e mudando de assunto propositalmente, o fato é que graças a um certo post de uma certa italiana, eu consegui descobri quem era a dita cuja. Trata-se de Cat Power, ou o nome de palco de Charlyn Marshall, classificada como uma das mulheres mais góztosas da história do rock. E com razão, embora ela certamente esteja fora do estilo de uma Debbie Harry (Blondie), Lita Ford (The Runaways) no esplendor do sucesso, Nina Persson (The Cardigans) e talvez aquela que eu ache a mais recente vedete, Reeta-Leena Korhola (Husky Rescue). Enfim, chacun a son goût.

É difícil classificar o estilo dela, pelo que eu ouvi, mas certamente é experimental. E indie também, embora dentro desse enorme guarda-chuva caiba desde Arcade Fire e Weezer, representantes legítimos do nerd rock, até o blasé, ao menos na minha opinião, de coisas como Placebo. Aliás, poucas coisas pra mim são mais representativos de um indie autêntico que uma atitude blasé. Cat Power é assim.

E talvez seja por isso que ela cative tanto. A voz dela é suave, envolvente, mas ela também olha pra você (e isso é potencializado quando ela está com aquele cabelinho na cara, aquela dancinha tosca, a calça jeans e a camisa preta de botão largadona) com aquela cara de "o quê, você nunca foi a Londres"? Humilha que humilha. Aliás, isso daria mote para um possível encontro amoroso entre a dita cuja e um matuto cool, como é o Xico Sá. Aposto que num instante ele tirava o queijo dela. Em duas horas de conversa, talvez ela estivesse até lambendo os dedos da buchada acompanhada de um vinho syrah de ótima safra. Mais um pouco do vinho, e eles estariam dentro em pouco fazendo uma análise junguiana do inconsciente coletivo nos tempos do Padim Ciço.

Mais tarde, talvez, ainda saindo dos lençóis desarrumados, ririam e muito de imaginar Habermas vestido de gibão e chapéu de vaqueiro.

E por aí vai.

23 de novembro de 2007

E Será Que Vai?

Matéria do Blig do Gomes dá conta de que uma nova categoria está para ser lançada no segundo semestre de 2008: trata-se da Superleague, que correrá com um chassis Panoz e um motor V12 4.2 de mais de 750 cavalos de potência (eu nunca consegui converter direito braking horse power). O diferencial do tal campeonato é a divisão por times de futebol, e não por equipes. O clube brasileiro que patrocinará um dos carros é justamente o Framengo.

Se vai deslanchar? Não sei. O Gomes aposta que não. Eu não posso dizer, já que está ainda relativamente longe. Mas é muito estranho que, das 6 etapas previstas, uma não esteja confirmada, e que não existe ainda um único piloto previsto para pilotar os bólidos. Pra completar, o site oficial é na verdade um blog hospedado na Wordpress. Sei não...

22 de novembro de 2007

Wishful Thinking (final)

"O sucesso do time no campeonato estadual certamente fez com que muitos dirigentes antigos do Santa Cruz - e em especial dos outros grandes da capital - mordessem os chapéus de tanta raiva. Os primeiros, pelo óbvio sucesso de um clube comandado pelos próprios torcedores, numa enorme democracia esportiva. Os últimos, por terem perdido para um clube recém caído para a tenebrosa terceira divisão do campeonato nacional.

Mas a vitória deu o estímulo necessário aos descrentes para voltar a contribuir com o clube. Na primeira partida do grupo regional da Série C, contra um obscuro time do interior do Rio Grande do Norte, o Arruda lotou com 60 mil pessoas, e ainda assim porque esse foi o limite imposto por razões de segurança. Se 200 mil ingressos fossem postos à venda, 200 mil ingressos seriam vendidos. Não se pode dizer exatamente que a campanha do time foi perfeita, mas conseguiram a classificação até o octogonal final.

A CBF também estava mordida de raiva com o sucesso do clube, e logo logo as malas pretas começaram a afluir para os clubes paulistas que estavam na fase final da terceirona, dispostos a impedir que o time tricolor de corpo e alma conseguisse subir e desse o exemplo ao resto do futebol brasileiro. E por um momento parecia que a trupe dos dirigentes da toda-poderosa máfia da bola iria ter sucesso: em três jogos, dois empates e uma derrota.

Não por isso, o líder do movimento dos torcedores tricolores, na preleção dada ao time em uma certa partida em casa, lembrou os jogadores de tudo pelo qual haviam passado, e o que realmente estava em jogo: eles haviam lutado para provar que, acima de tudo, o futebol é um jogo que destina-se a levar alegria ao rosto do torcedor de determinada agremiação esportiva. Nunca poderia servir apenas para satisfazer egos, gerar lucros desmedidos com venda de craques ou reduto de poder político. Então o que estava em jogo não era apenas a esperança do torcedor tricolor, mas de todos os torcedores que estavam insatisfeitos com seus clubes. Esta era a chance que eles tinham de mudar de vez a história do futebol no país, e quiçá em todo o mundo.

O resultado das partidas restantes: apenas dois empates. 4 gols sofridos. Um primeiro lugar conquistado com uma rodada de antecedência. O Santa Cruz e seus torcedores haviam passado em sua prova de fogo."

Reage, Tricolor!

20 de novembro de 2007

Wishful Thinking (2)

"Recife, duas da tarde. Em algum dia do final de janeiro de 2008. A uma semana do início do campeonato pernambucano.

O líder do movimento popular que tomara de assalto o Santa Cruz Futebol Clube estava à beira do gramado do Estádio do Arruda, em Recife. Em volta, tinha pelo menos uma centena de marmanjos participando de uma peneira. Nas arquibancadas, alguns milhares de pessoas assistindo a peneira. Em determinado momento, ele começou a lembrar o que acontecera até então.

Depois da tomada do Arruda, parecia que as coisas não iriam se sustentar. A diretoria antiga começou a mover um processo atrás do outro contra os líderes do movimento 'Viva Santa Cruz', os patrocinadores oficiais sumiram, até o fornecedor de material esportivo debandou. Era uma sorte que a CBF e a FPF continuaram a reconhecer o time e a garantir sua vaga nas divisões e campeonatos em que estava. Pressão de um certo senador magrelo.

Era hora de apelar para o mesmo movimento que se apossara do clube. De pronto, um monte de gente apareceu para trabalhar na reforma do estádio, inclusive engenheiros. Pequenos negócios se ofereceram a custear algumas despesas do clube. Mas isso não era suficiente, até porque o clube precisaria viajar e muito nos próximos dias. Era preciso economizar nos jogadores.

Foi aí que alguém surgiu com a idéia para apelar para os torcedores do tricolor. E ficara decidido que, em toda pelada de society, barrinha de meio de rua, e campeonato de sítio com regras 'pescoço pra baixo é canela', se procuraria algum tricolor bom de bola e que estivesse disposto a recuperar seu time de coração, estaria convocado a dar sua contribuição.

Muitos afluíram para o Arruda, mas só uns poucos poderiam se aproveitar. O salário também fez muita gente decidir: ajuda de custo para cobrir as despesas mais básicas, e só. A folha de pagamento estava do tamanho da de um time do interior. Sorte que o patrocínio de muitas pessoas surgiu, pelo simples prazer de contribuir para uma verdadeira democracia futebolística, da forma como estava.

Voltando à peneira final, de 100 jogadores, a aclamação popular servia de termômetro para saber se determinado jogador agradava ou não. Estudantes e profissionais de educação física olhavam a habilidade dos futuros craques, e médicos avaliavam na hora sua condição fisiológica. Ao final do dia, muito aplaudidos, eram formados um time de titulares, um time de reservas e um time sub-23. Cada um recebeu um jogo de padrões de casa e fora - costurados por muito orgulho por um grupo de senhoras do bairro. Não havia nem uniforme de treino e os jogadores teriam de manter as roupas. Lavar e passar, para aprender a ter amor pelo clube.

Dando um pequeno salto no tempo, a tática rendeu resultados. A raiva com que os jogadores jogaram contra o Sport deixou o time com 2 jogadores suspensos por carrinhos violentos, um sem-número de cartões amarelos, mas garantiu uma vitória suada por 1 x 0 na Ilha do Retiro. A mesma coisa aconteceu na final do estadual, contra o Náutico. Na Copa do Brasil, chegaram até a terceira rodada, sendo eliminados pela Portuguesa."

(continua)

19 de novembro de 2007

Wishful Thinking

Hoje eu não vou falar sobre os perigos que correm o mundo das relações internacionais. Tampouco vou falar sobre meus temores sobre a prova do IRBr ano que vem. Muito menos vou idolatrar um carro que me deixa com o queixo caído.

Hoje eu vou demonstrar minha raiva com algo que aconteceu no sábado à tarde. E para isso vou me servir de uma historinha...

"Recife, três da manhã. Um dia depois da última rodada do Campeonato Brasileiro da Série B.

Um alto membro da cúpula da diretoria do Santa Cruz Futebol Clube dorme tranquilo em casa, mas sabia dos rumores que desde a penúltima rodada corriam nos bastidores do time. Coisas muito desencontradas sobre a insatisfação com o time. No último jogo, já com o time rebaixado para a série C, os torcedores fizeram sinais estranhos e cantaram músicas mais estranhas ainda, sempre de costas para o campo. Mas ficou por isso mesmo.

De repente, toca o telefone. Era um dos seguranças do clube:
- Doutor, pelo amor de Deus, faz alguma coisa! Faz alguma coisa dout-aaaaaaaaaaaarrrrrrrrgggggghhhhhhhhhh!!! *clic*

O que acabara de ouvir era algo assustador. Nem tanto pelo horrendo grito que o guarda soltou, mas pelo barulho que tinha de fundo. Era um barulho de multidão em fúria, e, mais assustador ainda, uma multidão em fúria organizada, gritando em coro palavras de ordem. A frase gritada com mais raiva era o refrão de uma música antiga: 'Pega, mata e come!'.

Resolveu ligar a televisão, e o plantão da Globo mostrava, da câmera de um helicóptero, uma avenida Beberibe completamente tomada. A Beira-Canal, sua perpendicular, não ficava muito atrás. Ela pulsava com a gente que estava lá embaixo. Em preto, branco e vermelho.

Podia se ver que alguns torcedores já tinham quebrado alguns portões e tomaram o Estádio do Arruda de assalto. Câmeras ainda não estavam disponíveis no solo, mas parece que as reivindicações dos torcedores eram que o Santa Cruz passasse a ser patrimônio dos torcedores, com direção exercida por um colégio representante do torcedor comum. Que o Santa realmente se tornasse um time do povo.

Obviamente ninguém conseguiu dormir mais naquela casa, e nem na casa dos cartolas do clube. A polícia bem que foi chamada para tentar colocar ordem, mas não teve muito sucesso. Alguns policiais mesmo se juntaram ao movimento popular, inclusive oficiais. Parece que a ordem atual no time, como tal, deixara de existir, e o que podia ser feito era tentar tirar alguma vantagem.

Ledo engano. Assim que começou o 'Bom Dia Pernambuco' e uma entrevista com o líder do movimento - um negão de 1,90m de altura - foi arranjada, o aviso foi dado: qualquer antigo sócio do clube (já que os títulos de sociedade foram todos revogados) com ligações diretas com a direção do Santa, de qualquer tempo, iria por conta própria; ele não iria se responsabilizar pela reação da turba.

A partir daquele momento, o Santa Cruz virava de fato patrimônio de todos os torcedores tricolores. A verdade era essa. O resto que se resolvesse na justiça."

(continua)

16 de novembro de 2007

O Mundo E O Nerd

Pra terminar minha série de sites interessantes da semana, publico uma sugestão de um amigo meu - que, como vocês irão perceber, é estudante de algum curso de ciências exatas. Trata-se do xkcd, uma visão do mundo, em tirinhas, de acordo com o típico nerd de trocentas canetas no bolso da camisa, livros de cálculo debaixo do braço e capacidade para dizer uma frase em diversas linguagens - de computador.

Ou seja, nerd roots. Sem essa coisa "cúl" que chegou com o advento do Weezer, do Arcade Fire, de Matrix e de Kill Bill. Sem essa coisa de nerd inserido na cultura de massa com conjunto esportivo Adidas. Sem essa coisa de nerd saindo pra balada. Sem essa coisa de nerd com namorada (sacrilégio dos sacrilégios: nerd com namorada). Esses, meus caros, abriram espaço para o movimento e para que você e eu pudéssemos sair inflando o peito e "saying it out loud, we're nerds and proud". Devemos a eles muito.

Mas voltando ao site: o autor das tiras explica de uma maneira muito bem humorada a visão de determinados fatos e impressões sobre o mundo de acordo com uma visão nerdística. Lá estão tudo, desde informática e matemática (óbvio) até coisas como música - no site tem um belíssimo elogio a Led Zeppelin e "Stairway to Heaven". Atenção especial para o post sobre a vida amorosa do dito cujo.

Mais recentemente, eles estão publicando uma série de tiras sobre o início do "copyleft" em tudo o que puder ser convertido em bits e bytes, o que inclui também a "blogosfera". O cara é realmente a favor do software livre, de tudo o que tenha distribuição livre afinal de contas, e por isso ganhou de cara a minha simpatia. Aliás, o próprio blog é feito de acordo com Creative Commons, ou seja, pode copiar, desde que se credite.

14 de novembro de 2007

Voyeurismo, Ma Non Troppo

Eu tinha outros planos para o post de hoje, mas a dawn veio com uma sugestão de site. Então, ela tem prioridade, e dane-se os outros que vão ter de se encaixar.

Brincadeira. O site é realmente interessante.

Trata-se do PostSecret. Começou como uma instalação de um artista plástico nos EUA (onde mais?) que consistia em deixar espalhados pela cidade diversos recadinhos não assinados contendo segredos pessoais. A princípio, quando vi a descrição do site, pensei uma das duas alternativas: ou o sujeito é muito corajoso, ou é completamente pirado. Mas dei uma chance. E me surpreendi com algumas coisas...

O site acabou virando uma espécie de comunidade-movimento. O artista plástico responsável pelo projeto solicitou a quem visse o blog da comunidade que enviasse para o seu endereço um segredo colocado em um cartão-postal feito em casa. Tem gente contando os mais variados segredos. Desde os mais banais e não-tão-segredo assim, até coisas mais pesadas como o cara que descobriu que o pai é bi.

O endereço para os interessados está nos primeiros postais da página. De preferência, mande em inglês, para que não aconteça o mesmo que o sujeito que mandou um segredo em mandarim...

13 de novembro de 2007

Dobrados

Continuando com a série de sites interessantes, eu indico este, que achei, pessoalmente, hilário. O Bent Objects é uma vitrine virtual de obras de arte feitas por um americano que certamente tem muita criatividade - e também nada para fazer. Ok, obras de arte expostas na internet não são nenhuma novidade. Então, o que chama a atenção aqui?

O sujeito em questão, que por sinal se chama Terry, pega objetos de uso diário e transforma em gente. Como? Simplesmente dando aos objetos braços e pernas de arame dobrado. Eu lembro que, quando era pequeno, era um costume entre meus primos fazer algo parecido, embora não tão elaborado. Por exemplo, fazer bois e porquinhos de maxixe espetando nos legumes 4 palitos de fósforo.

Terry, o artista plástico desocupado, consegue não só dar uma personalidade aos objetos, como também dar uma personalidade condizente com o "eu interior" de cada um. Em um dos posts mais recentes, ele pega um tubo de remédios daqueles de farmácia de manipulação e o coloca para consertar um cérebro, de chave de boca na mão e tudo. Em outra instalação, ele coloca pimentões, cenouras e tomates chorando no melhor estilo "mãe depois de chacina" em volta de um prato de salada fresca. Salad is murder, é a mensagem.

Ele costuma atualizar cerca de uma vez por semana, pelo que eu percebi. Então, tenham paciência e deixem o sujeito trabalhar (ou melhor, não exatamente trabalhar...).

12 de novembro de 2007

Isso Dá Filme

Nesse fim de semana foi impressionante a quantidade de sites interessantes que chegaram até meu conhecimento. Acho que vou terminar dedicando toda esta semana a falar sobre eles.

Bom, vamos começar pelo meu preferido, em grande parte pela história envolvida. Eu achei simplesmente hilário, pois poderia acontecer em qualquer roteiro clichê de comédia romântica (e o autor do site, obviamente, percebeu isso na hora).

Era uma vez um americano médio de 21 anos, que levava uma vidinha média com um empreguinho médio de ilustrador e andava medianamente pela nada média cidade de Nova York - só pra quebrar a sequência. Um belo dia, quando este sujeito tomava o metrô quase que onipresente da "maçã grande", ele percebe uma determinada menina com a qual ele começa a conversar.

Bonita, ela, certamente o nosso rapaz pensou. E também tem uma conversa interessante. Simpatizou logo de cara. Ao final da conversa, ele já estava apaixonado pela criatura, com os quatro pneus Goodyear Eagle NCT5 arriados pela mocinha. Só que - ó, tragédia - o demônio do embasbacamento inventou de infernizar a vida de nosso herói: ficou tão bobo que esqueceu-se de perguntar o nome da sua princesa-no-alto-da-torre.

Ele deve ter voltado pra casa totalmente desconsolado, por ter perdido uma chance em um milhão. Só que, ao invés de ficar se lamentando, o ilustrador em questão resolveu colocar seus dotes em favor de seu coração (provavelmente de outras coisas também, mas vamos nos ater apenas a esse detalhe, sim?): ligou o PC, iniciou o Corel Painter, riscou e rabiscou na sua mesa digitalizadora, consultou os livros de HTML e Dreamweaver, desenrolou um domínio .com e pimba!, saiu aquele que seria o meio pelo qual reencontraria sua amada. Ou pelo menos era o que ele acreditava.

Muito provavelmente esse sujeito deve ter uma lista de contatos imensa, pois ele realmente tinha fé em encontrar sua amada via internet, ainda mais com um site a princípio sem links e que representava um beco sem saída em si. Mas foi através do boca a boca, e da teoria de que cada pessoa está a no máximo 5 contatos de distância de outra, que ele, sim, meus caros leitores, chegou até à garota em questão! Uma amiga da anônima do metrô viu o blog por recomendação de outras pessoas e, bom, o resto é resto...

É interessante perceber que o dito cujo encontrou a moça em 4 de novembro, e nós, bem, estamos em 12 de novembro. Ou seja, foram certamente menos de 8 dias até chegar ao conhecimento da dita cuja. O que nos leva à conclusão de que ele é realmente um rapaz favorecido pelo destino ou que a quantidade de geeks de internet nos EUA é assustadoramente alta.

O desfecho da história? Abelhudo! Isso é algo que só diz respeito aos dois!*

*Mas, bom, num mundo tão carente de mágica em primeiros encontros, se eles se dessem bem não seria nada mal...

9 de novembro de 2007

E a Saga Continua

























Bope, "Tropa de Elite" da polícia carioca

E a fascistização da sociedade brasileira continua a todo o vapor. Depois do dramático episódio de ontem da novela global "Duas Caras", no qual supostos representantes do movimento estudantil quebram uma universidade particular cuja dona se coloca como "paladina da democracia", um coronel do Bope se sai com esta. No meio de um curso ministrado pela SWAT norte-americana para policiais de "tropas de elite" de todo o país, o tal coronel fala com orgulho de como não prestou socorro ao sequestrador do ônibus 174, travou luta corporal com o mesmo dentro de uma viatura policial e o asfixiou com ajuda de companheiros de Kampffgruppe.

Pra completar o espetáculo, ainda tem a pachorra de dizer que foi preso "de maneira covarde", "para dar justificativa à Rede Globo". Pobre coitado.

Acho que isso nos dá subsídios para afirmar quais serão os próximos passos daqui para o fim do governo Lula. Me dou o luxo de imaginar coisas como:

a) Nova "Marcha da Família Com Deus Pela Liberdade";

b) "Camisas Negras" desfilando pela Av. Paulista e Av. Copacabana;

c) Quebra-quebra de negócios nordestinos em São Paulo e arredores;

d) Novos condomínios com exércitos particulares armados com fuzis e metralhadoras leves;

e) Urutu versão civil financiado em até 60 meses, sem entrada e com primeira parcela só depois do Carnaval.

Exagerado? Até pode ser. Mas o exagero é um recurso muito usado para falar sobre um problema atual...

8 de novembro de 2007

Mundo Surpreendente

E quando a gente pensa que já viu tudo, o mundo sempre dá um jeitinho de nos surpreender.

Matéria da FSP dá conta que certos milionários russos estão fugindo do stress e da rotina enfadonha da vida de rico pagando para viver como pobres. Por um dia, é claro. Mas o fato é que tem ricaço pagando até 10 mil doletas para viver como garçons, motoristas de taxi, cantores de rua, vagabundos e até mesmo prostitutas. Tudo com o maior sigilo e a maior segurança disponível para quem quiser a empreitada.

Há quem diga que a Rússia pós-soviética tenha virado um samba do crioulo doido. Não é pra menos: de repente se descobre que dá para voar em um MiG pagando uns milhares de dólares, que pelo preço de 3 Mercedes top de linha um terrorista adquire uma ogiva nuclear "da boa", que o primeiro presidente do seu país na era pós-"comunista" era um bebum sem rédeas e que o segundo é um neo-tsar autoritário...

Vai entender.

7 de novembro de 2007

Putz, Que Óbvio!

E eu, que vivia reclamando da falta que faz um site de notícias sem viés claro para nenhum lado, nem atentei para a coisa mais óbvia: por que não tentar os serviços de notícias oficiais, como a Agência Brasil?

Alguém pode dizer: ah, serviço de notícias do governo é o pior que tem. Mas não! Eles realmente fazem um jornalismo independente, e de boa qualidade. Tem até ouvidoria que se dispõe a apurar fatos para os leitores! Os salários deles, que eu saiba, são apenas razoáveis, nada absurdo, mas só o fato de não ter um editor sacana te buzinando no ouvido que sua matéria tem de ter em mente as vendas ou a posição oficial do grupo... Esperanças, muitas esperanças para o jornalismo da TV Brasil.

Não é por nada não, mas isso me fez ter muitas saudades da época em que eu trabalhava na Assessoria de Comunicação da UFPE, a querida Ascom...

5 de novembro de 2007

Luz No Fim do Túnel

Matéria recente da FSP, via BBC Brasil, dá conta que uma universidade sueca, o Instituto Karolinska, está muito próximo de desenvolver uma vacina contra a Aids bem sucedida. Testes feitos até agora com 40 voluntários mostraram uma taxa de imunização de 97%, o que qualifica a vacina a partir para a próxima fase, com 60 voluntários na Tanzânia. O processo consiste na aplicação de duas vacinas, sendo que a primeira foi desenvolvida em conjunto com uma agência governamental sueca e a segunda foi cedida pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA.

Algumas coisas a serem percebidas.

Primeiro, o Instituto Karolinska é uma das melhores faculdades de medicina da Suécia, e sonho de consumo de uma amiga minha aspirante a médica (neste momento perdida em algum lugar da Lapônia sueca). Foi fundado em 1810 como um centro de pesquisas médicas para o exército sueco, e logo caiu nas graças de algum rei, que acabou herdando seu nome (Karolinska Institutet = algo como "Instituto Carlino", ou de Carlos).

E é pública, como todas as universidades suecas.

Cá entre nós, sempre que se reclama da universidade pública ou da morosidade da pesquisa médica, alguém surge logo com a solução mágica de privatizar as universidades ou colocar toda a pesquisa científica, inclusive de questões estratégicas, nas mãos da iniciativa privada. Uma solução mais interessante e já proposta pelo Hermenauta (com um pano de fundo já existente) consiste na implantação de um prêmio para motivar quem desenvolva determinado avanço científico, bem sucedido no caso da aviação e nos vôos espaciais civis. Mas retornando à velha pergunta: um desenvolvimento científico privado vai realmente ser aproveitado por toda a humanidade?

Voltando às ciências médicas, é sabido que as indústrias farmacêuticas hoje formam uma verdadeira máfia, uma verdadeira tríade chinesa no monopólio de remédios considerados importantíssimos para a manutenção da saúde mundial. No entanto, remédios avançados para doenças como o câncer e a Aids são vendidos com preços pela hora da morte. O caso da Aids pode ser considerado ainda mais dramático, uma vez que existem países africanos no qual mais de 50% da população ativa estão com o vírus, e a quebra da patente (chefiada pelo então ministro da saúde tucano, José Serra) dos remédios do coquetel anti-Aids foi providencial.

Pode-se argumentar que a participação do referido instituto americano foi motivada por este contar com os avanços das indústrias médicas de lá. O problema é que esse instituto é público, e, como muitas instituições públicas americanas (a exemplo da PBS e da NOAA) muitas vezes vai de encontro com governos neocons, a exemplo do atual. Sozinhos, os NHI (e o responsável pela segunda vacina, o de alergia e doenças infecciosas) são responsáveis por quase um terço do montante gasto em pesquisa médica nos EUA, sendo o restante composto pelas empresas.

Num mundo em que se alardeia aos quatro ventos a necessidade de reduzir a participação do Estado na vida dos cidadãos e entregar as prioridades de produção ao mercado, iniciativas como esta mostram a força que possui um governo preocupado com o bem-estar de seus cidadãos e a possibilidade real de eficiência (e mais que isso, vanguarda) de uma instituição pública, que para chegar a tal objetivo não necessita mais que boa administração dos recursos envolvidos. Nem sempre isso é alcançado no caso das empresas privadas, visto o caso de empresas como a Cisco, Enron, Encol, Aracruz Celulose...

2 de novembro de 2007

Ele Certamente Gostou

Aconteceu o que eu e um monte de gente esperava na F1: o empresário de Alonso anunciou a recisão do contrato do piloto na McLaren, e agora está livre para negociar outros contratos com outras equipes - de preferência bem longe de Lewis Hamilton.

Quanto a isso, algumas coisas precisam ser ditas:

1) Eu me surpreendi com a forma como o contrato foi terminado de uma maneira tão amistosa, ao menos no que diz respeito ao plano dos negócios. Eu esperava uma espécie de Gotterdammerung nos trailers da equipe de Ron Dennis, mas parece que resolveram agir como um casal que entende que a relação não está mais dando certo e assina os papéis sem muita conversa (hipótese corroborada por esta notícia aqui);

2) Apesar da aparente incerteza, eu apostaria todas as minhas fichas em como Alonso vai mesmo para a sua antiga casa, a Renault. Foi certamente o lugar onde ele foi mais feliz na F1, e existe uma vontade por parte dos dirigentes da equipe anglo-francesa (e quem disser que é só francesa apanha!). É só juntar a fome com a vontade de comer. Asfalto;

3) Ron Dennis sim vai continuar seu calvário com a McLaren-Mercedes, ao menos é o que tudo indica. E a inversa também é verdadeira. A Prodrive, empresa especialista em carros para o WRC, teve melada a sua oportunidade de entrar na F1 por Bernie Ecclestone, o Ricardo Teixeira do "circo". Ou seja, isso significa que a Mercedes vai continuar com aqueles ingleses chatos de Woking e a McLaren vai continuar com aqueles alemães pedantes de Stuttgart. Quid pro quo.

Agora é esperar pra ver como vai ser o quebra-pau nas pistas em 2008. Aliás, eu estou louco pra ver como vai ser esse GP noturno de Cingapura.