22 de dezembro de 2007

Tirando Férias

Até o dia 1º de janeiro de 2008, esse blog estará de férias. Os "habitués" daqui podem aproveitar e pegar algum livro bom pra ler neste meio tempo (eu sugiro, para quem ainda não leu, "A Paixão Segundo G.H."). Garanto que lucrarão mais que com posts meus.

Feliz Natal a todos e bom Ano Novo.

21 de dezembro de 2007

18 de dezembro de 2007

Devaneiando

Matéria do Estado de S. Paulo via o escandaloso Defesa@Net dá conta dos planos que a Marinha do Brasil tem para depois da construção do submarino nuclear, autorizado pelo governo federal e que será declarado operacional em 2020 (!). Os prazos dizem respeito ao tempo necessário para a aquisição de tecnologias vitais para o completo ciclo de desenvolvimento da nave, desde o reator (cujo projeto, por sinal, já está pronto e será utilizado nas usinas nucleares brasileiras a serem construídas nos próximos anos) até o submarino em si, casco, sistemas eletrônicos e tudo o mais. Não fosse, na minha opinião, um absurdo construir um trambolho desses, eles ainda querem comissionar mais um bocado nos próximos anos.

Parece que eles querem partir para o ataque com tecnologias completamente novas. Vejam isso aqui:

Há também vários segredos. O maior deles, ligado ao projeto, é o da tecnologia do eixo que leva movimento à enorme hélice destinada a movimentar o navio. O maior problema nessa área é limitar ruído e vibração. Empregando um conceito derivado da construção de ultracentrífugas nacionais, empregadas no enriquecimento do urânio usado como combustível de reatores, o eixo de 80 metros será magnético, funcionando sem barulho e, melhor ainda, sem atrito entre as partes móveis.

Acho que nem J. J. Benítez teria uma idéia igual. Ok, ele escreveu sobre a propulsão magnetohidrodinâmica, mas o que os engenheiros da MB pretendem fazer é no mínimo surpreendente considerando um país de Terceiro Mundo.

E o projeto da base para abrigar o submarino, então?

Esses gigantes vão operar a partir de uma nova base naval, que tem grande chance de ser instalada no litoral de São Paulo, ao norte de São Sebastião. Alí, no bolsão de águas calmas e profundas, onde a topografia da costa é pouco acidentada, os navios atômicos, protegidos por baterias de mísseis antiaéreos, seriam preparados para cumprir missões permanentes de patrulha. (...)

O complexo de edifícios da base será todo coberto para escapar do olho dos satélites militares. O prédio da doca funcionará com berços flutuantes e diques de drenagem - as embarcações serão movimentadas para dentro e para fora com auxílio da água do mar. Sempre rapidamente, quase sempre durante a noite, ao amanhecer, ao cair da tarde ou quando houver neblina. Recursos mínimos para reduzir - mas não evitar - a observação eletrônica.

Tudo isso - da divisão do ambiente ao compartimento onde ficará o reator, o centro de combate e até a nova base - está pronto, em escala, no discreto pavilhão M, do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), no campus da USP. Ali há maquetes de engenharia que vêm sendo periodicamente atualizadas desde os anos 80, quando o programa, então considerado secreto, teve início.

Isso me fez lembrar de um artigo que eu estava vendo na Wikipedia, quando estava pesquisando sobre a Guerra Fria. O fato é que, na histórica cidade ucraniana de Balaclava, onde ocorreu uma das mais ferrenhas batalhas da Guerra da Criméia, os soviéticos construíram uma base secreta de submarinos que operariam a partir do mar Negro e projetariam-se dali para o Mediterrâneo (e talvez para o Atlântico, se os ingleses permitissem uma improvável passagem através de Gibraltar). Por fora, a base era apenas uma porta de concreto que dava acesso a um porto enorme escondido dentro de uma caverna artificial em um dos muitos promontórios do lugar. Era considerada tão resistente a ponto de resistir ao impacto direto de uma ogiva nuclear. Hoje, ela é apenas um museu.

Mas eu me pergunto, agora. Estariam os milicos da MB pensando em algo parecido?

17 de dezembro de 2007

Drops de Alguns Blogs Favoritos

O site do Hermenauta está fora do ar. Antes disso, alguns posts mais recentes haviam sido perdidos.

* * *

Rafael Galvão postou mais um texto da série "As Alegrias Que O Google Me Dá". Divirtam-se.

* * *

Eu sempre imaginei, e me assustei, com uma possibilidade de fim do mundo. Ou pelo menos do mundo como nós o conhecemos. A primeira hipótese que passou pela minha cabeça foi a de guerra nuclear, lá pelos meus 11 anos de idade - 5 anos após o fim da Guerra Fria e 13 anos depois de "The Day After". Depois, como holocausto ambiental, gente morrendo de olhos esbugalhados por não suportar um tórrido calor de 50 graus, na Sibéria. E mais tarde, com uma revolução de máquinas à la Exterminador do Futuro e, mais recentemente, Matrix. Esta última, por sinal, continua extremamente plausível na minha cabeça.

Mas Marco Aurélio dos Santos, responsável pelo Jesus Me Chicoteia, apresentou uma possibilidade ainda mais assustadora. Vejam por si só. É de não dormir esta noite.

14 de dezembro de 2007

Metapost

Eu estava com a maior preguiça do mundo de fazer um post. Fiquei matando o tempo lendo outros blogs, uns que estão aí ao lado, outros não. E me dei conta de uma coisa: a grande maioria está desatualizada, ou então fizeram o que eu fiz ontem (e que em certa medida estou fazendo hoje): inventa alguma coisa para encher espaço e ocupar uma marca na lista de meses de histórico.

Blogar é uma atividade extremamente cansativa. Não parece, mas é. Para seu blog ser interessante, é necessário tirar um coelho da cartola todos os dias, pelo menos para aqueles que se dispõem a fazer algo com atualização quase que em tempo real. E por coelho da cartola entenda-se uma coisa engraçada, uma sacadinha de gênio que fazem as pessoas rirem e voltarem mais vezes à sua caixa de comentários.

Haja cérebro. É preciso ter um ótimo senso para produzir algo realmente bom, que prenda a atenção. Senão, acaba virando uma clara prova de que você não tem nenhuma simpatia pelos servidores de hospedagem e o enche de linhas inúteis processadas nas trocentas linguagens de programação de páginas para internet.

Existem, obviamente, as exceções. O blog do Reinaldo Azevedo, por exemplo (cujo link eu me recuso a colocar por aqui). É uma porcaria de marca maior, ainda mais depois que o dito cujo foi respirar os "ares" da revista Óia (ou em matutês de matiz pernambucano, "'pia!"). No entanto, recebe uma porrada de acessos dos leitores da referida revista, que infelizmente ainda são maioria e que encontram eco em um número cada vez mais crescente de brasileiros. Sem falar, claro, no Hermê, que amiúde entra lá para pescar algo para sua principal fonte de posts engraçados.

Mas de resto? Um colega meu passou uma vez meses sem entrar no blog. Mas quando voltou, voltou com chave de ouro. Muito provavelmente esse aí não precisou fazer muito esforço para garantir sua platéia - num bom sentido, claro.

13 de dezembro de 2007

Quando Se Está Ficando Velho

Hoje comecei a usar finasterina e minoxidil. Para quem não sabe, são dois remédios que servem para controlar a alopécia androgenética.

Em bom português, tou tomando remédio pra controlar as entradas.

11 de dezembro de 2007

Ride Che Ti Fa Bene

Cabecinhas doentes na internet não faltam. É possível até que com a rede elas tenham se multiplicado. Esta pérola, escrita por um certo João Paulo Montadon, é um ótimo exemplo. O moço começa assim:

"O Partido dos Trabalhadores não apenas representa uma forte instituição mediadora entre as poderosas forças comprometidas com a desintegração e a dissolução da ordem vigente, e algumas diligências voltadas para a economia de mercado, ministradas pelo Banco Central de Henrique Meireles. É um verdadeiro establishment para a perpetuação do poder por vias democráticas."

Reza a lenda que toda teoria da conspiração tem de começar por uma premissa plausível. Ele começou com uma boa, coisa leve como o início de "Ran", do Akira Kurosawa. Depois começa a tragédia:

"Em outras palavras, o PT estabelece um liame entre o sistema de mercado e a subversão da ordem. Este delay é uma simples interpretação da influência gramscista em âmbito nacional e marxista em âmbito continental – o Foro de São Paulo"

Lógico, em seguida vem o arremate do embrulho:

"como demonstra o filósofo Olavo de Carvalho..."

Estava até demorando. Mas tem mais:

"a arquitetura de um projeto de poder destinado a perpetuar sua influência política (dentro ou fora do governo) com o fortalecimento da mentalidade esquerdista ao manipular a democracia para o amadurecimento progressivo da criminalidade pela insegurança, do analfabetismo, de movimentos e organizações sociais subversivas (ocupacional-invasoras, silvícolas, “quotistas”, “gaysistas”, feministas, abortistas, sindicalistas) e o boicote, claro, ao capitalismo."

Esse tá completo. Parece até que o cara resolveu colocar todo o repertório de clichês do Mídia Sem Máscara. E até mais um pouco:

"O excelente trabalho realizado pelo TFP, fundado em 1960, na grande São Paulo, tendo como ícone o nobre batalhador pelo conservadorismo brasileiro Plinio Corrêa de Oliveira, oferece ainda boas, porém modestas, esperanças quanto a uma fervorosa defesa patriótica pelas tradições culturais da nação brasileira esculpidas por nossa história. Apoiado em valores ocidentais, arregimentados no catolicismo judaico-cristão, luta pelo acautelamento destes valores serem implodidos pela burocracia libertária esquerdista."

É mole ou quer mais?

* * *

Alguns colegas meus gostam de assistir filmes de terror feitos com baixíssimo orçamento em todos os aspectos (principalmente de roteiro) para rir, dadas as severas incongruências da película. Quando vejo um texto desses, eu consigo entender o porquê de eles fazerem isso.

Multiplicado exponencialmente, claro.

10 de dezembro de 2007

Heart of (South) America

Dia 8 de dezembro foi dia de Nossa Senhora da Conceição, mais um dos muitos aspectos da personalidade daquela que deu a luz a Jesus Cristo e padroeira do Recife. Mas o negócio é que eu não sou nem católico e nem estou morando no Recife, então o dia da dita cuja deveria passar completamente batido pra mim. Certo? Não fosse por um pequeno detalhe...

Minha família da parte Freire foi, durante muito tempo, responsável por quase metade dos habitantes do povoado rural de Umburanas, no município de Sertânia, mas muito mais perto da sede do município de Arcoverde. Não eram ricos e tampouco detinham poder político, dedicando-se a prosaicas atividades de agricultura e pecuária básica. Mas eram pessoas, ao que consta, muito religiosas, em especial meu bisavô, que construiu a igrejinha do lugar e a consagrou à santa em questão.

Por isso, a principal atividade religiosa e festiva para os habitantes do povoado, tirando o Natal e o São João (este último por motivos óbvios), era a festa da santa, em louvor da qual se fazia uma pequena procissão em volta do vilarejo, uma novena e uma quermesse. Lógico que meus parentes participavam ativamente dos festejos, que eram também fonte de muita diversão.

Eu fui duas vezes à tal festinha. Da primeira vez, em 1988 (acho), tenho uma lembrança muito vaga. De certeza estava chovendo horrores, e eu aproveitei para sujar minhas lindas botinhas no barro encharcado. Havia muita música e agitação. Meus primos (e que não eram Freire, eram do lado Santos e que não está em meu sobrenome), companheiros de aventura na época, também estavam lá. E segundo minhas tias-avó, mães dos mesmos, parece que na ocasião o que não faltou foi menino pulando no barro ao som de uma bandinha de pífanos.

A segunda vez foi neste final de semana. Serviu para que eu sanasse um pouco da minha nostalgia recente e também para encontrar muitos deste lado da família (Hoje eles estão espalhados por Caruaru, Garanhuns, Recife, Paulo Afonso, Brasília...). E também para que eu visse algo que está cada vez mais morrendo, infelizmente: manifestações sinceras de fé e de uma tradição positiva em rincões escondidos do Nordeste.

A modernização está chegando por aqui, é verdade. Traz benefícios como a luz elétrica (na época do último governo Arraes, quase todos os domicílios rurais do Estado foram ligados à rede elétrica), a água em caráter quase que permanente, a (tímida) melhoria nas escolas... mas também fez com que muita gente se desinteressasse das antigas atividades aglutinadoras daqueles núcleos sociais e buscasse consolo... na garrafa de rum e de cachaça. Sofrem as quermesses, os pastoris, as cavalhadas, as cantorias.

Mas o que eu vi lá ainda tinha muito desse aspecto original e bonito do Nordeste, com as suas casinhas caiadas e de janelas e portas de cores fortes, os terreiros varridos, as bodegas que vendem de tudo e um pouco mais, as comidas artesanais... e principalmente aquela coisa legal e simples, sem pompas nem falsidade, que foi a manifestação religiosa daquelas pessoas. Ri demais com meus parentes que contavam histórias dos "bons tempos", e também com o leilão das doações cujo dinheiro serviria para ajudar a reformar a igrejinha.

Eu brinquei com dawn quando contei a ela essa história, dizendo que daria um documentário premiado dentro daqueles clichês típicos do cinema nacional sobre o Nordeste. Mas agora, pensando bem, se tal filme servisse para preservar as tradições culturais positivas de cada comunidade rural desse país (independente de crença religiosa), acho que valeria a pena. De fato, valeria.

6 de dezembro de 2007

Nada De Novo No Front

Aconteceu o que muita gente esperava, e até mesmo quem não esperava mas não deixava a esperança morrer: relatório de diversos serviços de inteligência dos EUA mostra que o Irã, de fato, interrompeu seu progama de armas nucleares em 2003. Os falcões americanos e o governo israelense, no entanto, insistem em dizer que o programa pode ser reiniciado a qualquer momento baseando-se na aquisição, por parte do Irã, de tecnologias consideradas chave para a construção de uma arma nuclear.

Ao que parece, sim, os iranianos têm plenas condições de construir uma arma nuclear, mas o problema é que isso leva tempo. Apesar do grande número de centrífugas para enriquecimento de urânio em operação por aquelas bandas, o mineral no teor necessário para uma arma nuclear (95% no mínimo) demora para ser produzido. Na escala atual, eles só construíriam a primeira ogiva, e sem garantias concretas de que ela irá funcionar, lá pelos idos de 2010, 2011.

Até lá, o mandato do atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad já terá terminado, e existe uma boa chance de que o mesmo venha a ser substituído por um moderado. Nem os membros do Conselho da Revolução Islâmica o estão aguentando mais: é muito radical (!) para o atual momento das relações internacionais do país. Ainda mais considerando que a maior preocupação dos aiatolás é, muito provavelmente, a consolidação e institucionalização da Revolução, bem como a condução do processo de modernização das estruturas do Estado iraniano - claro, dentro do escopo religioso dos dirigentes deste mesmo Estado.

Além do mais, o grosso dos gastos militares do governo iraniano, atualmente, estão sendo concentrados em coisas mais prosaicas e que possam ser de alguma utilidade no caso de alguma agressão externa. Estamos falando de tanques, aviões e submarinos anões, e também no fortalecimento da Guarda Revolucionária através do aumento da conscrição e do treinamento para pessoas comuns manterem uma atividade de insurgência caso ocorra o colapso do Estado nessas condições extremas. Uma bomba atômica serviria, na verdade, para terminar a guerra mais rápido - com um holocausto nuclear na Pérsia provocado por EUA, Israel e França.

Os aiatolás são radicais, mas com certeza não são doidos. O mesmo não se pode dizer dos estrategistas de defesa nacional dos EUA e de Israel...

4 de dezembro de 2007

Na Faixa

Fiz o meu cadastro no Gravatar, aquele site que gera um avatar automático e reconhecido globalmente por todos que tenham o link para sua imagenzinha nas caixas de comentário dos blogs.

Só que o meu só tem o avatar do Blogger, nada de Gravatar.

Algum conhecido meu e leitor deste blog sabe como se coloca o serviço aqui, e topa fazer pra mim "na faixa"? Hein? Hein?

3 de dezembro de 2007

Lições, Todos Os Dias

Chávez perdeu o referendo no qual havia proposto, entre outras coisas, a possibilidade de o presidente venezuelano ser reeleito para quantos mandatos quisesse. Há diversos indícios de que os partidários chavistas mais moderados, e ligados ao grupo político do seu ex-ministro da defesa, podem ter votado contra a proposta. Chávez, para surpresa de seus opositores na direita venezuelana, concedeu a derrota.

Sobre isso:

- É provável que o grupo chavista moderado, mas que ao mesmo tempo dá mostras de querer um movimento socialista venezuelano descolado da imagem de Chávez, tenha feito isso justamente para reforçar sua posição, com o intuito também de não queimar de vez sua imagem para com a opinião pública internacional que por muito menos já estava afirmando a existência de campos de concentração nos llanos;

- Como dito anteriormente, Chávez, ao reconhecer a derrota, calou a boca de muita gente, e deu mostras de maturidade, ao perceber claramente que deu um passo maior que as pernas. O problema é que, verdade seja dita, Chávez tem as idéias certas mas expressa de maneira errada. Pessoalmente, acho que ele ficou desbocado assim principalmente depois do golpe de 2002. Tivesse ficado quieta no canto dela e deixado o jogo democrático continuar a tomar o seu rumo, e teriam evitado aquele papelão ridículo.