30 de setembro de 2009

Intolerância

É com grande pesar que eu fiquei sabendo, através do Diário de Pernambuco, que o jornalista da casa Rafael Dias Batista, 25 anos, foi agredido nas dependências do referido periódico recifense. Segundo matéria do jornal, Rafael levou um soco de um homem que apareceu na portaria do Diário, no bairro de Santo Antônio, região central da capital pernambucana, identificando-se como filho do falecido vereador Luiz Vidal.

Tudo indica que o motivo da agressão foi a insatisfação do mesmo pelo fato de Rafael, ao noticiar a morte do político, relatar como causa do óbito encefalopatia espongiforme transmissível (BSE, sigla em inglês), também conhecida popularmente como mal da vaca louca. Segundo os médicos que atenderam o vereador, existem 96% de chances de o vereador ter realmente falecido em decorrência da doença.

Rafael foi meu companheiro de turma na UFPE. É um profissional sério e inteligente, que não é chegado em polêmica barata pra vender jornal. A agressão mostrou-se totalmente descabida, e se tornará mais absurda caso o referido agressor não seja de fato familiar do político. Pelo que fiquei sabendo, o SinjoPE já posicionou-se de forma veementemente contrária à agressão e em apoio ao Diário de Pernambuco. Rafael pode e deve prestar queixa contra o agressor e mover o devido processo legal contra o mesmo.

É triste perceber que a minha profissão, embora não mais tanto assim, ainda é alvo de ataques injustificados por aqueles que não gostam de ver sua posição social ou política ameaçada. É verdade, também, que muitos jornalistas não possuem o mínimo de ética necessário à convivência em sociedade, mas Rafael certamente não é um deles.

Uma vez, um professor meu disse que a palavra na mídia é uma pistola Magnum .44 carregada. Não tenho boas perspectivas quanto ao futuro daqueles que passaram 4 anos, no mínimo, dentro de uma universidade para aprender a propagar notícias de forma correta (e não pretendo me alongar nesta discussão por enquanto), mas de certa forma ainda somos vistos como potencialmente perigosos. E precisamos usar o nosso poder com sabedoria, denunciando abusos como o ocorrido.

27 de setembro de 2009

Viciado




"Melnitsa", banda russa. A palavra "Zima" significa inverno.

26 de setembro de 2009

A Tênue Linha

Em recente ação da PMRJ, um sequestrador foi morto por um disparo de fuzil por um franco-atirador posicionado em um prédio nas proximidades do incidente. O mesmo segurava pelo pescoço a proprietária de uma farmácia e empunhava uma granada de mão. A ação foi aplaudida pelos curiosos que assistiam a ação dos policiais.

Era evidente que, portando um explosivo com capacidade de afetar pessoas num raio de 10 a 20 metros, e mostrando-se intransigente às tentativas de negociação, a ação da PM carioca foi acertada, se analisarmos friamente. É o procedimento padrão em outras polícias do mundo ao saber que determinado indivíduo porta uma bomba e pretende usá-la contra civis. Trata-se de uma daquelas clássicas situações onde a vida de um é sacrificada para preservar a vida das potenciais vítimas, muito embora eu nunca me sinta confortável com este tipo de pensamento.

No entanto, o que realmente me incomodou foram as reações das pessoas, a começar por aqueles que aplaudiram a ação da polícia. Mais tarde, como era de se imaginar, na internet começaram a brotar opiniões seguindo o já batido mote "bandido bom é bandido morto". Não deixa de me impressionar o fato de que situações como esta são pródigas em fazer despertar o pequeno totalitário que existe em todos nós, ávido por soluções rápidas que desapareçam com um problema das nossas vistas, e de quebre proporcione um pouco de catarse para aliviar nossas frustrações.

É evidente que a vida de muitos estava em risco, e que uma ação rápida se fazia necessária. Mas situações assim não deveriam ser a regra, ainda que muitos acreditem o contrário. Não se pode confiar em instituições que banalizam a vida de qualquer um, ou que esteja disposta a abrir mão de direitos fundamentais com o intuito de garantir uma suposta segurança. Mudanças conjunturais nem sempre dão o resultado esperado, mas o mesmo não se pode dizer das mudanças estruturais, ou seja, aquelas que afetam os motivos que levam alguém a cometer um crime.

22 de setembro de 2009

Filósofo

Frase do "Na Prática A Teoria É Outra", no blog do Hermenauta:

se tirar do patrimônio histórico humano tudo que os homens já realizaram até hoje só pra pegar mulher, acho que só sobra “Bruno” [filme de Sasha Baron Cohen].

Gênio. Simplesmente genial.

Hard Power

O governo brasileiro deu mostras de que está disposto a usar aquilo que se convencionou chamar de "hard power" em Relações Internacionais, a partir do momento em que abrigou o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya. Depois de dispersar manifestantes anti-golpe nas redondezas da embaixada, o governo de facto da república centroamericana cortou o fornecimento de eletricidade, água e telefone do compound da representação diplomática brasileira na capital, Tegucigalpa.

Minha opinião é a de que o governo está agindo de forma correta para terminar com a crise no país, uma vez que o governo golpista dá mostras de que não pretende ceder de forma incondicional, conforme resoluções aprovadas pelas Nações Unidas e pela Organização dos Estados Americanos. Simplesmente abrigar Zelaya em qualquer país significa indiretamente referendar o golpe, e abre brechas para que o mesmo venha a acontecer em outras nações de nosso continente.

Mais: qualquer tentativa de hostilidade por parte das forças oficiais hondurenhas ao território de qualquer representação diplomática deve ser acompanhada de endurecimento das sanções ao país. Em último caso, e é duro pra mim dizer isso, a OEA deve considerar a realização de uma intervenção militar no país através de uma missão de estabilização nos moldes da MINUSTAH (da ONU), atualmente no Haiti. A situação em Honduras não inspira a confiança de nenhum governo em sã consciência no hemisfério.

21 de setembro de 2009

Alea Jacta Est



































Estou me sentindo um guerreiro viking que vai pra batalha (ui!): saiu o meu grande objetivo de um ano pra cá, que é o edital para o concurso de Auditor Fiscal da Receita Federal.

A má notícia é que a prova, desta vez, está bem mais difícil, com a inclusão de uma fase discursiva. É muito provável que eu não passe neste ano.

No entanto, ainda assim eu vou continuar me preparando e irei fazer a prova sem me importar muito com as consequências. É pra isto que eu estou aqui, não é verdade? De toda forma, é uma ótima preparação.

Valhalla, I am coming!

19 de setembro de 2009

Wrote Better

Já ouvi dizer que quando alguém é bom em alguma coisa, a gente elogia o sujeito. Mas se o indivíduo em questão é muito bom, então a gente xinga.

É o caso do filho da puta do Xico Sá, o cearense mezzo-recifense-mezzo-paulistano. Eu queria escrever um texto bom hoje, mas vou abrir espaço para o moço. A gente precisa sair da frente, às vezes, e render-se à genialidade desse companheiro de região e de profissão. O post em questão é do dia 15 de setembro (infelizmente, o blog dele não tem permalinks).

12 de setembro de 2009

"... Y Esperaré Hasta El Matrimonio"



Calma, não virei neocon.

O fato é que esse vídeo, conhecido popularmente como "Amo A Laura", tornou-se hit na internet há alguns anos, e motivo de muitas risadas entre amigos meus pelo óbvio ridículo da situação. Ao menos pra mim, é claro que uma campanha desse tipo, tão carola, infantilóide e (porque não?) imbecil, não iria ter sucesso e, no mínimo, aumentaria a procura de virgens temporões por serviços sexuais. Ou seja, virgem mesmo eu não continuo nem a caralho! Vai que me comparam com esses manés?

O problema é que o ridículo e o exagero são ótimas formas de crítica de uma realidade concreta. O vídeo e o grupo são fakes.

Trata-se de uma campanha publicitária da MTV espanhola sacaneando com os grupos conservadores de defesa da família que, imagino, deve dar lá na Espanha feito jogador brasileiro no campeonato de futebol do respectivo país. O nome do grupo fictício é Los Happiness, e era composto de atores contratados em esquema de casting, como em qualquer campanha publicitária.

Há um certo tom de indignação na minha fala: por motivos óbvios. Porra, sacanear um negócio que já é tiração de onda? Me sinto como se tivesse requentado café! Se bem que, do jeito que a coisa vai, é capaz de levarem eles a sério na atual novela das seis da Globo...

7 de setembro de 2009

7 de Setembro: Milicos Ganham Brinquedos Novos

Como se sabe, Brasil e França assinaram um acordo militar bilionário neste 7 de Setembro, envolvendo a compra de 4 submarinos convencionais da classe Scorpène, assistência técnica para a construção do casco de um submarino nuclear de 6 mil toneladas de deslocamento aqui no Brasil, e a construção de 50 helicópteros pesados na fábrica da Helibrás em Itajubá, MG. Ao mesmo tempo, Lula e Sarko-kô meio que deixam acertada a aquisição de 36 aviões de caça Rafale, nas versões B (biplace) e C (chasseur), bem como o referido processo de transferência tecnológica para empresas brasileiras - inclusive a Embraer, que montará o avião por aqui. Concretizado o acordo, a França também considerará seriamente a compra de 12 aeronaves KC-390 da firma do ABC paulista, destinados ao transporte (19 toneladas) e reabastecimento de aeronaves em vôo.

Algumas coisinhas:

- A aquisição de novos armamentos é um procedimento normal para qualquer país que mantenha um exército regular (e até aqueles que não o tem, como a Suíça). O papel internacional do Brasil também mudou, expandindo-se. Mas a construção do submarino nuclear nada mais é que os nossos almirantes com complexo de pau pequeno, já que as funções que serão desempenhadas por ele poderiam ser feitas, e até com mais eficácia, por submarinos convencionais ou com tecnologia de propulsão independente de ar - tecnologia disponível, inclusive, em uma das versões do submarino Scorpène;

- Contrapartidas comerciais na aquisição de equipamentos desse tipo são relativamente normais, mas o que impressiona é o fato de que os franceses irão adquirir os 12 aviões KC-390, tendo projetos para a fabricação de 2 modelos de aeronaves para as mesmas funções.

Os milicos, claro, estão felizes. Mas ninguém está mais feliz que o establishment bélico francês. A ver os resultados.

5 de setembro de 2009

E Se Não For Assim?

Este blog anda sentimental demais, e este post não vai fugir da tendência. Mas prometo que este é o último, antes que apareça gente aqui me apontando o dedo na cara e me chamando de piegas, menininha, etc. e tal.

Acredito que sou o tipo de pessoa que acredita em tipos de pessoa certos (e a repetição de termos foi intencional), para cada situação. Um relacionamento amoroso não fica de fora. Não que eu ache que existe algo do tipo "alma gêmea", mas às vezes existe uma coincidência tão grande de interesses que é difícil não ficar no mínimo admirado com certas mulheres, no meu caso. Existem também as preferências no que diz respeito à aparência também: nem sempre a menina precisa ser uma modelo internacional pra te chamar a atenção e fazer com que você sequer se importe com a existência das referidas modelos internacionais. Basta que ela desperte em você algo bom, e pronto.

Temos os ingredientes da nossa receita: interesses comuns e uma aparência que te deixa confortável. Mas tive um estalo essa semana que me deixou com uma pulga atrás da orelha, e imagino que já tenha acontecido com outras pessoas: e se aquela pessoa que você acabou de conhecer tiver um defeitinho mínimo, porém decisivo pra que você a deixe pra lá? Pra mim, isso poderia se manifestar como uma bizonha preferência por axé ou música sertaneja, ou as famosas pessoas efusivas demais. A minha dúvida tem origem no fato de que nem sempre a gente consegue descartar completamente alguém de quem começa a gostar. Coisas da vida, acho eu.