18 de agosto de 2008

Ping!

Pink Floyd, banda considerada ícone do rock progressivo e com uma carreira que se expande pelos anos 60, 70 e 80 (ou alguém acredita que Roger Waters e David Gilmour separados fazem algo mais que punhetagem?), obviamente fizeram aquilo que toda banda de rock progressivo da época fez: contaram uma história através de música. Música longa. Mais precisamente, mais de 25 minutos com diversos movimentos, além de um longo interlúdio, introdução e conclusão com todo o experimentalismo possível para a eletrônica da fase inicial dos transístores.

A música é "Echoes", e pode ser encontrada no álbum "Meddle", de 1971. Originalmente ela ocupava todo o lado B do vinil, mas isso era coisa comum praqueles tempos. Ela também está no filme "Live At Pompeii", dividida em duas partes. É a minha música preferida, mas o que mais me chama a atenção são os "pings" tanto no início quanto no final.

E eu me perguntava: como, numa época pré-sintetizadores eletrônicos e digitais, os caras conseguiam fazer aquele som que parece um cristal vibrando, tão característico dos teclados da década de 80?

Eis que, pesquisando mais sobre o assunto, confirmo a minha idéia de que a engenharia eletrônica voltada para som é a mais complexa de todas. Danem-se computadores, radares e aceleradores de partículas: a síntese de som digital é extremamente complexa, e nos tempos de eletrônica básica as pessoas se desdobravam para produzir algo novo e interessante. No caso específico dos "pings", eles gravaram o som de um piano de cauda nas notas mais altas, passaram por uma distorção de guitarra e finalmente plugaram a saída num auto-falante giratório, que dá o efeito Doppler perceptível na experimentação bem sucedida feita por aqueles ingleses específicos.

Pink Floyd era conhecido aqui no Brasil, com um certo atraso creditável à ditadura e reserva de mercado fonográfico, como a banda que produzia sons "espaciais", uma vez que a ida ao espaço era realmente a vanguarda da tecnologia da época e a televisão exibia seriados no cosmos a torto e a direito. De minha parte, não conheço banda e música melhores para se ouvir ao ver um pôr-do-sol glorioso.