17 de setembro de 2008

Arcoverde, Surpreendente

Eu nem pensava em escrever mais um post hoje, aliás é minha política escrever um post por dia (e, como muitos perceberam aqui, nem isso). Mas acho que uma situação específica me impressionou tanto hoje que merecia uma nova inserção.

Em Arcoverde, um dos bairros mais elitistas e tradicionais é o Sucupira. Onze entre cada dez médicos moram lá, e médico em cidade pequena é algo similar a Jesus Cristo, Maomé e Buda na Terra, parelho com os promotores e juízes. Mas o Sucupira também impressiona por algo que eu descobri depois do meu exílio forçado na terra natal, ocorrido há alguns anos.

O Sucupira tem uma concentração absurda de paranaenses, catarinenses e gaúchos. Eu não sei explicar exatamente porque, já que não há na região um grande histórico de negócios ligados a pessoas daqueles estados. Arcoverde não tem uma única indústria grande, o município é pequeno demais para ter uma produção agrícola expressiva (soja, então, nem pensar), e o comércio é dominado pelos locais. Sei que alguns deles estão ligados ao clero evangélico local, mas isso não justifica um êxodo tão grande para estas plagas.

Interessante é perceber que muitos deles já estão aculturados. Os descendentes, com certeza, ao menos. Cansei de ver aquelas pessoas loiríssimas dos olhos claros chegando na padaria dos meus pais, e, na hora de abrir a boca, ao invés do esperado "bah, guri" ou então "leitE quentE", sai o sotaque local. Chega a ser algo meio deslocado do contexto, como um filme surrealista no qual o ator, que está tocando sanfona em cima de uma bicicleta, produz um som de um burro zurrando.

No meu universo de sonhos, que já foi referenciado outras vezes neste e em blogs passados meus, esse bairro assemelha-se estranhamente àquelas casinhas de madeira em estilo nórdico, como se fossem um lata de biscoitos dinamarqueses. Eu sonhei com isso antes de perceber essa estranha concentração de pessoas de fora. Acho que meus sonhos moldaram a realidade...

P.S.: Este post todo foi motivado por uma menina em especial que eu vi hoje, loirona quase branco, olhos azuis, 1,75m de altura, mais ou menos 50 kg, mais ou menos 18-19 anos, corpo com tudo em cima, bronzeado digno de bronzeador Nivea importado da Alemanha. Falava sotaque local. Algum dos meus leitores arcoverdenses têm alguma idéia de quem seja? Porque eu mesmo nunca a vi mais gorda (ou melhor, mais sarada).

P.P.S.: Como percebe-se através desse último post-scriptum, eu estou a ponto de subir no poste e gritar "Io voglio una donna!". Ou melhor, "Ich will Eine Fraulein!".

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