24 de outubro de 2009

Rendição

Esta semana, enquanto conversava com colegas meus, voltamos a um tema que já foi discutido em outra postagem (não me lembro exatamente onde, mas estou com preguiça de procurar). Trata-se de saber até onde se está disposto a ceder ao encontrarmos alguém de quem realmente gostamos. A princípio, não existem grandes dificuldades lógicas sobre o assunto: a partir do momento em que impomos condições pra gostar de alguém e sofrer todas as implicações decorrentes dessa decisão, é porque não estamos dispostos a gostar dessa pessoa, e o melhor a fazer é seguir em frente. Fim de papo.

Realmente gostar de alguém, no entanto, significa justamente fazer o contrário: você se entrega, se doa, se rende. Abre mão de uma série de coisas, muitas vezes superando o limite do razoável. Obviamente existe uma diferença entre o altruísmo e a negação destrutiva do ser, o que demanda um mínimo de racionalidade. Mas isto depende de cada um. O que me fez lembrar de uma certa historinha, que merece ter o seu devido balanço e exposição pública (com o devido resguardo dos envolvidos, à exceção de minha pessoa).

J. foi extremamente importante pra mim no primeiro semestre deste ano. Era como um sonho tornando-se realidade, ou, acredito eu, um sonho tornando-se realidade em sentido estrito. Talvez fosse algo análogo ao que muitos rastafáris sentiram ao ver Haile Selassie I, último imperador etíope, ao desembarcar no aeroporto de Kingston, na Jamaica, nos anos 60. Esse sentimento só cresceu ao perceber que, em certa medida, J. me correspondia.

Em pouco tempo, eu já havia modificado muitos de meus planos para que, futuramente, eu pudesse ficar o máximo possível com J. Dentro em pouco, ela, sem apontar-me uma única arma ou realizar qualquer tipo de coação, já havia me rendido. Doce rendição, diga-se de passagem.

Só que, enquanto da minha janela era possível divisar mandacarus, catingueiras e barrigudas, da janela de J. era possível ver araucárias. Até existia a possibilidade de nos encontrarmos, mas ela não se concretizou a tempo, de forma que eu pudesse fazer a diferença. Não houve outra saída para mim e ela, senão seguir caminhos diferentes. Não posso dizer com segurança no que diz respeito a ela, mas de minha parte, foi a contragosto.

De toda forma, tive uma experiência concreta de rendição, e minha opinião é de que ela foi extremamente construtiva. Uma pena que, mais uma vez, a distância me separou de gente pela qual valia a pena abandonar a individualidade.

Um comentário:

Ju ♥ disse...

é sempre assim, qndo eu me rendo sempre acontece alguma coisa q faz com q a vida pare e volte ao início da equação.
bjs