15 de março de 2008

Chuck Norris Dos Anos 40

Um aspecto meio mórbido de minha personalidade diz respeito ao fato de gostar de saber sobre armas e táticas/estratégias de combate, embora eu não me sinta bem manejando as mesmas e ter plena consciência de que um campo de batalha não é exatamente um dos lugares mais salutares pra se estar. Mas o mesmo não se aplica tanto sobre armas brancas, e hoje eu estava lendo sobre um tipo de arma muito usada na Escócia do período medieval: a claymore, uma enorme e pesada espada cruciforme, tendo em média 1,40 m de comprimento e pesando 2,5 kg. Suas versões modernas (armas de infantaria usadas em combate corpo-a-corpo nos séculos XVIII e XIX), no entanto, tinham guarda e empunhadura semelhantes a um sabre esportivo moderno, além de serem menores e mais leves.

O último uso moderno conhecido destas claymores modernas foi por um certo Jack Churchill, oficial do exército inglês que serviu no teatro de operações da Europa durante a Segunda Guerra Mundial. A ficha corrida do sujeito é de impressionar: nascido na então colônia da Coroa de Hong Kong, serviu em um regimento real na Birmânia antes de completar 18 anos. Depois, viveu de bicos em filmes, fazendo papéis de suporte como gaiteiro de foles e arqueiro. Ao estourar a Guerra na Europa, alistou-se novamente, e chegou a participar da desastrosa retirada de Dunquerque. Foi então que ele resolveu se alistar em uma modalidade nova de treinamento de infantaria: só porque o treinamento parecia perigoso, resolveu ser voluntário nas primeiras turmas de commandos do exército inglês.

Churchill era conhecido por sua valentia em combate e por sua estranha preferência por arcos e flechas e a bendita claymore moderna, ao invés de fuzis e submetralhadoras. Foi condecorado diversas vezes por valentia, participando de batalhas na França, Noruega, Itália (em Salerno, capturou uma sentinela com a ajuda de um cabo armado apenas com um fuzil e forçou 3 pelotões e uma seção de morteiro a se render). Na Iugoslávia, ao auxiliar uma companhia de partisans comunistas a capturar uma guarnição nazista, avançou contra os inimigos apenas tocando uma gaita de foles. Foi capturado, é certo, mas isso não o impediu de continuar aprontando.

Depois de ser brutalmente torturado em Berlim, o nosso valente soldado é enviado ao campo de concentração de Sachsenhausen, mas as grades não seriam suficientes para segurá-lo: termina fugindo junto com um oficial da Força Aérea Real e só seriam recapturados a poucas milhas do Báltico, nas proximidades de Rostock, e da provável liberdade na Suécia. É mandado para Niederdorf, Áustria, de onde viria a fugir novamente no final da guerra e seria reintegrado ao front na Itália.

Terminado o conflito, Churchill torna-se instrutor militar na Austrália, onde conheceria algo que o ocuparia durante muito tempo no restante de sua vida militar, e além: o surfe. Sim, mesmo com seus 50 ou 60 anos, o dito cujo ainda arranjou tempo pra aprender a surfar, aprender a dar o shape de pranchas de surfe, e ser o primeiro a surfar na "pororoca" do rio Severn, na Inglaterra. Morreu em 96, aos 84 anos de idade, vividos com certeza intensamente.

Esse, com certeza, não ficou "com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar".

P.S.: Duvida? Então saca só esse outro link aqui.

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