6 de dezembro de 2007

Nada De Novo No Front

Aconteceu o que muita gente esperava, e até mesmo quem não esperava mas não deixava a esperança morrer: relatório de diversos serviços de inteligência dos EUA mostra que o Irã, de fato, interrompeu seu progama de armas nucleares em 2003. Os falcões americanos e o governo israelense, no entanto, insistem em dizer que o programa pode ser reiniciado a qualquer momento baseando-se na aquisição, por parte do Irã, de tecnologias consideradas chave para a construção de uma arma nuclear.

Ao que parece, sim, os iranianos têm plenas condições de construir uma arma nuclear, mas o problema é que isso leva tempo. Apesar do grande número de centrífugas para enriquecimento de urânio em operação por aquelas bandas, o mineral no teor necessário para uma arma nuclear (95% no mínimo) demora para ser produzido. Na escala atual, eles só construíriam a primeira ogiva, e sem garantias concretas de que ela irá funcionar, lá pelos idos de 2010, 2011.

Até lá, o mandato do atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad já terá terminado, e existe uma boa chance de que o mesmo venha a ser substituído por um moderado. Nem os membros do Conselho da Revolução Islâmica o estão aguentando mais: é muito radical (!) para o atual momento das relações internacionais do país. Ainda mais considerando que a maior preocupação dos aiatolás é, muito provavelmente, a consolidação e institucionalização da Revolução, bem como a condução do processo de modernização das estruturas do Estado iraniano - claro, dentro do escopo religioso dos dirigentes deste mesmo Estado.

Além do mais, o grosso dos gastos militares do governo iraniano, atualmente, estão sendo concentrados em coisas mais prosaicas e que possam ser de alguma utilidade no caso de alguma agressão externa. Estamos falando de tanques, aviões e submarinos anões, e também no fortalecimento da Guarda Revolucionária através do aumento da conscrição e do treinamento para pessoas comuns manterem uma atividade de insurgência caso ocorra o colapso do Estado nessas condições extremas. Uma bomba atômica serviria, na verdade, para terminar a guerra mais rápido - com um holocausto nuclear na Pérsia provocado por EUA, Israel e França.

Os aiatolás são radicais, mas com certeza não são doidos. O mesmo não se pode dizer dos estrategistas de defesa nacional dos EUA e de Israel...

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