1 de fevereiro de 2009

Grande Demais

As coisas no caso Cesare Battisti estão ficando grandes demais, e por causa do governo italiano. Afinal de contas, eu não consigo ver como tanto escarcéu pode ser feito por causa de um peixe pequeno do antigo PAC que, considerando que o processo italiano está correto, matou 4 pessoas. É como se os EUA fizessem uma guerra para prender um praça de um país qualquer que teve a infelicidade de dar uns tecos na pessoa errada.

Essa minha impressão é corroborada pela notícia de que os italianos estão mexendo os pauzinhos em Bruxelas, em busca de apoio político da União Européia para fazer pressão. Acho que, a princípio, é uma tremenda bola fora das Relações Exteriores do país, pois trata-se de algo que diz respeito única e exclusivamente ao governo italiano. Ninguém na Europa tem nada a ver com isso.

Não demora, não demora, e daqui a pouco teremos um novo "incidente Panther", semelhante ao ocorrido no início do século XX quando um navio de guerra alemão - o Panther - coloca seu destacamento de marinheiros nas ruas da cidade portuária de Itajaí, Santa Catarina, para prender um conscrito que havia desertado do serviço na referida nave. Forças armadas de um país não podem entrar em outro sem a autorização do respectivo governo (em tempos de paz, claro), e a competência para a captura de desertores é do país no qual o referido refugiou-se.

A decisão do Barão do Rio Branco e de Joaquim Nabuco, na época os principais nomes da diplomacia brasileira, foi exemplar, embora tenham cometido o mesmo erro da Itália - qual seja, o de convocar uma terceira força para servir de instrumento de pressão, qual seja, os EUA. A soberania do Brasil havia sido posta à prova, e a comunicação do Rio Branco disse muito sobre até onde o governo no Rio de Janeiro pretendia ir para fazer valer seus direitos: chegaram a levantar a possibilidade de por a Panther a pique, e depois veriam o que havia de se fazer.

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