26 de setembro de 2009

A Tênue Linha

Em recente ação da PMRJ, um sequestrador foi morto por um disparo de fuzil por um franco-atirador posicionado em um prédio nas proximidades do incidente. O mesmo segurava pelo pescoço a proprietária de uma farmácia e empunhava uma granada de mão. A ação foi aplaudida pelos curiosos que assistiam a ação dos policiais.

Era evidente que, portando um explosivo com capacidade de afetar pessoas num raio de 10 a 20 metros, e mostrando-se intransigente às tentativas de negociação, a ação da PM carioca foi acertada, se analisarmos friamente. É o procedimento padrão em outras polícias do mundo ao saber que determinado indivíduo porta uma bomba e pretende usá-la contra civis. Trata-se de uma daquelas clássicas situações onde a vida de um é sacrificada para preservar a vida das potenciais vítimas, muito embora eu nunca me sinta confortável com este tipo de pensamento.

No entanto, o que realmente me incomodou foram as reações das pessoas, a começar por aqueles que aplaudiram a ação da polícia. Mais tarde, como era de se imaginar, na internet começaram a brotar opiniões seguindo o já batido mote "bandido bom é bandido morto". Não deixa de me impressionar o fato de que situações como esta são pródigas em fazer despertar o pequeno totalitário que existe em todos nós, ávido por soluções rápidas que desapareçam com um problema das nossas vistas, e de quebre proporcione um pouco de catarse para aliviar nossas frustrações.

É evidente que a vida de muitos estava em risco, e que uma ação rápida se fazia necessária. Mas situações assim não deveriam ser a regra, ainda que muitos acreditem o contrário. Não se pode confiar em instituições que banalizam a vida de qualquer um, ou que esteja disposta a abrir mão de direitos fundamentais com o intuito de garantir uma suposta segurança. Mudanças conjunturais nem sempre dão o resultado esperado, mas o mesmo não se pode dizer das mudanças estruturais, ou seja, aquelas que afetam os motivos que levam alguém a cometer um crime.

3 comentários:

Ju ♥ disse...

naquele momento a atitude da polícia foi acertada, levando em consideração outras situações onde o desfecho não foi o mesmo, justamente por uma demora na decisão de quem supostamente dominava a situação, só acho q não dá pra fazer disso uma regra e sair por aí acionando atiradores de elite a toda hora.

aqui em brasília tivemos um caso parecido, só q sem a granada, tensão pura.

M.M. disse...

Concordo com a Sentimental. Tbém acho que, naquele momento, foi uma decisão acertada e evitou outros desfechos desastrosos que vínhamos presenciando.
Mas realmente, além de não precisar ser regra, não tem necessidade de comemoração. A vida se mostra, além de frágil, muito banalizada, né? Assusta...

Ju ♥ disse...

é, o fato de aplaudir é totalmente desnecessário, mas em todos os casos isso acontece, é impressionante.
bjs