28 de novembro de 2007

Bunda de Índio

Discussão na comunidade "Coisas da Diplomacia", no orkut, sobre o que ocorreria com Pernambuco caso o domínio holandês tivesse continuado. Não obstante Suriname e Indonésia já terem oferecidos ótimos exemplos, Rafael Galvão, aquele baiano, deu uma ótima dica do que aconteceria: muito provavelmente Salvador, que já foi ocupada pelos neerlandeses, se chamaria Johannesburg e ele teria que passar por um monte de preconceitos para ter intercurso sexual com alguma moça "de cor" e da bunda durinha. Há gente que teima em não acreditar, mas, num mundo onde tem gente que dá crédito ao Mídia Sem Máscara, tudo é possível.

Enfim, mas no meio da discussão tem um sujeito que aparece emulando uma escrita que se pretende ser a de um brasileiro que mora há muitos anos na Alemanha e teria supostamente esquecido muito da língua pátria, e fala, com uma propriedade doutoral, que as "pontes de Olinda foram construídas por Maurício de Nassau" e que "influências holandesas são percebidas na arquitetura da região de Serra Talhada".

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Muito prazer. Meu nome agora é Viktor Veerhoeven, e descobri que minha ascendência européia é na verdade de um simpático vilarejozinho na região de Gelre. Falando nisso, vou embarcar semana que vem para assumir o polder da família, onde se cria vacas e se plantam tulipas. Pelo menos antes de o mar invadir tudo com o aquecimento global...

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Vamos aos fatos:

- Relevando o erro de as pontes históricas de Pernambuco se localizarem na verdade no Recife, a ponte (isso, foi somente uma) que Maurício de Nassau construiu na verdade era de madeira e jamais poderia durar até os tempos modernos. A ponte mais antiga do Recife é a Princesa Isabel, aquela que vai dar no início da Rua da Concórdia, e foi construída no século XIX;

- Nem em sonho os holandeses chegaram tão para o interior ao ponto de sua influência se fazer sentir em Serra Talhada. Fosse assim, Arcoverde seria a Eindhoven do semi-árido. O máximo que eles chegaram, acho, foram aos pés da serra das Russas, e ainda assim sem povoamentos importantes. A influência européia que se faz sentir na maior parte do sertão nordestino é na verdade inglesa, fruto do intercâmbio cultural presente durante a implantação da ferrovia na região, em fins de período vitoriano. Ou nem isso. Mesmo as cercas de pedra de Triunfo e Venturosa, e que podem ser encontradas ainda em outros lugares (na fazenda de meu falecido avô mesmo tinha) eram provavelmente influência portuguesa, certamente mais seguro que enveredar por uma hipótese remota de ocupação holandesa no sertão.

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