19 de novembro de 2007

Wishful Thinking

Hoje eu não vou falar sobre os perigos que correm o mundo das relações internacionais. Tampouco vou falar sobre meus temores sobre a prova do IRBr ano que vem. Muito menos vou idolatrar um carro que me deixa com o queixo caído.

Hoje eu vou demonstrar minha raiva com algo que aconteceu no sábado à tarde. E para isso vou me servir de uma historinha...

"Recife, três da manhã. Um dia depois da última rodada do Campeonato Brasileiro da Série B.

Um alto membro da cúpula da diretoria do Santa Cruz Futebol Clube dorme tranquilo em casa, mas sabia dos rumores que desde a penúltima rodada corriam nos bastidores do time. Coisas muito desencontradas sobre a insatisfação com o time. No último jogo, já com o time rebaixado para a série C, os torcedores fizeram sinais estranhos e cantaram músicas mais estranhas ainda, sempre de costas para o campo. Mas ficou por isso mesmo.

De repente, toca o telefone. Era um dos seguranças do clube:
- Doutor, pelo amor de Deus, faz alguma coisa! Faz alguma coisa dout-aaaaaaaaaaaarrrrrrrrgggggghhhhhhhhhh!!! *clic*

O que acabara de ouvir era algo assustador. Nem tanto pelo horrendo grito que o guarda soltou, mas pelo barulho que tinha de fundo. Era um barulho de multidão em fúria, e, mais assustador ainda, uma multidão em fúria organizada, gritando em coro palavras de ordem. A frase gritada com mais raiva era o refrão de uma música antiga: 'Pega, mata e come!'.

Resolveu ligar a televisão, e o plantão da Globo mostrava, da câmera de um helicóptero, uma avenida Beberibe completamente tomada. A Beira-Canal, sua perpendicular, não ficava muito atrás. Ela pulsava com a gente que estava lá embaixo. Em preto, branco e vermelho.

Podia se ver que alguns torcedores já tinham quebrado alguns portões e tomaram o Estádio do Arruda de assalto. Câmeras ainda não estavam disponíveis no solo, mas parece que as reivindicações dos torcedores eram que o Santa Cruz passasse a ser patrimônio dos torcedores, com direção exercida por um colégio representante do torcedor comum. Que o Santa realmente se tornasse um time do povo.

Obviamente ninguém conseguiu dormir mais naquela casa, e nem na casa dos cartolas do clube. A polícia bem que foi chamada para tentar colocar ordem, mas não teve muito sucesso. Alguns policiais mesmo se juntaram ao movimento popular, inclusive oficiais. Parece que a ordem atual no time, como tal, deixara de existir, e o que podia ser feito era tentar tirar alguma vantagem.

Ledo engano. Assim que começou o 'Bom Dia Pernambuco' e uma entrevista com o líder do movimento - um negão de 1,90m de altura - foi arranjada, o aviso foi dado: qualquer antigo sócio do clube (já que os títulos de sociedade foram todos revogados) com ligações diretas com a direção do Santa, de qualquer tempo, iria por conta própria; ele não iria se responsabilizar pela reação da turba.

A partir daquele momento, o Santa Cruz virava de fato patrimônio de todos os torcedores tricolores. A verdade era essa. O resto que se resolvesse na justiça."

(continua)

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