Depois de muito adiar, e auxiliado pela banda larga e a falta do que fazer crônica de Arcoverde, baixei e assisti "O Sétimo Selo", para muitos considerados a obra prima de Bergman. Gostei do filme, e até aí tudo bem. Os questionamentos existencialistas do filme são ótimos, embora vez ou outra pareçam meio deslocados. As cenas cômicas são ótimas, com especial destaque para a cena da Morte cortando a árvore com uma serra. Max von Sydow é um ótimo ator, mas com aquele físico simplesmente não convencia como cavaleiro. Totalmente de cair o queixo está Bibi Andersson, como uma atriz de commedia dell'arte, e no frescor de seus 22 anos. Me casaria com ela sem pestanejar (a-hem).
Mas não foi isso que me chamou mais a atenção no filme. Pra falar a verdade, o que me assustou foi justamente quando fui procurar mais informações sobre a filmografia de Bergman (que por sinal é extensa pra cacete). Foi quando eu vi resenhas de filmes posteriores dele, particularmente "Persona", "A Paixão de Anna" e "Gritos e Sussurros".
Mais acentuado e apresentado de forma mais conceitual no primeiro filme que citei, Bergman tem o costume de "desconstruir" personagens, reduzindo-os a sua essência primitiva, a algo que pode ser definido como a mais pura matéria-prima criativa de personagens, quase que mínimos átomos ou subpartículas do seu Universo paralelo (bérgmons?).
O problema são as formas em que isso ocorre. No caso de "Persona", por exemplo, as personagens principais vividas por la Andersson (ela!) e Liv Ullmann (alguém que Bergman provavelmente gostava muito de trabalhar, principalmente nos anos 70) vão se fundindo ao longo do filme, a ponto de, em determinado momento, não se saber mais quem é uma ou outra. É aqui que começa o colapso das mesmas, a sua "desconstrução".
Ora, vocês têm idéia do quanto isso é agoniante? Do quanto, no meu caso, isso te faz implorar por um deus ex machina? E o quanto no final do filme você fica com uma quase que irremediável vontade de se matar? *quase hiperventilando*
É por essas e outras que eu sou louco pra ver, mas ao mesmo tempo morro de medo dos outros filmes dele. Mais que isso, morro de medo da imaginação do dito cujo.
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