25 de julho de 2007

Rezando pra Franco

O Hermenauta postou uma ótima notícia sobre a opinião da elite/classe média e dos pobres do Brasil sobre o acidente de Congonhas. Ela revela muita coisa sobre aquilo que muita gente está chamando de ampliação do abismo social existente entre ambas as classes, embora uma detenha a maior parte das riquezas do país e a outra... bom, a outra detém o resto.

Uma discussão também estava rolando em uma comunidade do Orkut da qual faço parte, o Botequim Socialista. Nessa discussão, as pessoas comentavam, inclusive de maneira assustada, o quanto essa parcela da sociedade anda defendendo valores como moral (conservadora), família (conservadora), propriedade (conservadora) e Deus (esse serve tanto a gregos quanto a troianos). A defesa de livre mercado, sinto informar aos liberais de plantão, é mero acessório, uma vez que se abraça qualquer ideologia de mercado que esteja em consonância com os outros itens acima citados (muita gente considerou Perón de esquerda, e sem falar naquela pendenga ainda não resolvida do nazismo ser de esquerda).

Basta ter um mínimo de conhecimentos de História mundial para saber o que rolou na Espanha pouco antes da guerra civil. Os republicanos viviam um momento de disputas internas dentro do governo, em grande parte causada pela ampla frente que formaram (a grande maioria de socialistas, comunistas e anarco-socialistas, mas os liberais espanhóis também estavam lá). Parece que esse governo também não sabia muito bem o que fazer, ou o que priorizar. Aí, no meio do turbilhão, surge o baixinho galego líder de um grupo conhecido como a Falange, que se revolta com uma guarnição do Exército no Marrocos espanhol. Ele vinha com uma conversa estranha de defesa de Deus, Pátria, Família etc. O resto a gente já sabe.

Eu achava antes que nós estávamos era à beira de uma Revolução Francesa, com o povo adquirindo consciência de "povo" mesmo, e uma elite assustada com medo de perder benefícios. Mas parece que as coisas rumam para um ciclo mais recente da História e de seu motor, a boa e velha luta de classes preferida do velho barbudo.

2 comentários:

Artur Perrusi disse...

Diversos blogueiros de direita estão fazendo inversões curiosas. Assumem o único discurso possível da democracia, afirmando que toda a esquerda é totalitária. Chamam, inclusive, a esquerda, qualquer que seja ela, de comuno-fascista. Quanto ao nazismo, colocá-lo como de esquerda ou é má-fé ou burrice - por que tem no nome o termo "socialismo"? Ora, os nazistas são oriundos dos setores nacionalistas mais radicais e conservadores (völkisch) da Alemanha pós-18. Seis meses depois de Hitler tornar-se Chanceler do Reich, a esquerda alemã (a comunista e a social-democrata) estava dizimada! Vale frisar que Hitler teve o apoio dos dois maiores partidos católicos da Alemanha (Partido do Centro e Partido Popular Bávaro), das igrejas protestantes e de todos os partidos nacionalistas e conservadores. A direita brasileira continua perigosa e... burra.

Victor disse...

mais burra que perigosa, diria. mas sempre é possível mudar a relação...