17 de outubro de 2007

Engenho do Fim do Mundo

Bush não é exatamente um gênio, mas às vezes os parvos conseguem surpreender a gente, e isso costuma acontecer quando menos se espera. O caubói de dois neurônios recentemente anunciou que o governo iraniano deveria ser impedido de conseguir armas nucleares, uma vez que tinha um líder que já havia anunciado seu desejo de "destruir Israel". Caso contrário, corria-se o risco de deflagrar a Terceira Guerra Mundial.

Até aí nada de mais (!), já que nós sabemos que tipo de bravata contra o governo iraniano os EUA soltam desde o governo Reagan. Mas ele tocou num ponto nevrálgico das relações internacionais hodiernas. A simples suspeita de que o Irã esteja desenvolvendo armamentos nucleares já colocou pra funcionar as cabecitas feas dos estrategistas militares dos EUA, França, e principalmente Israel. O Instituto de Inteligência de Israel, mais conhecido como Mossad, já conseguiu identificar com sucesso possíveis locais de reatores e de estoque de matérias-primas para a fabricação de bombas-A no país do golfo Pérsico, bem como possíveis locais de estoques de bombas.

Passados os detalhes para as Forças de Defesa de Israel, a coisa começa a descambar para a estratégia militar do tipo mais esdrúxulo possível. Há quem diga que um ataque semelhante ao ocorrido ao reator nuclear de Osirak, no Iraque, em 1981, poderia ser levado a cabo contra as instalações iranianas e o complexo nuclear de Bushehr, onde estão a maior parte das usinas do país. Só que, sabendo da existência de um bunker reforçado alguns metros abaixo do complexo, avalia-se a possibilidade do uso de uma arma nuclear de baixa intensidade para arrebentar a fortificação.

Israel sabe das implicações que um ataque deste tipo irá ter no mundo. Armas nucleares nem são necessariamente o que existe de mais potente nos arsenais modernos (os ataques de napalm contra Dresden e Tóquio mataram mais gente), mas tem um efeito psicológico fortíssimo. Isso seria a desculpa perfeita para os árabes se juntarem em peso contra os israelenses, que inevitavelmente se veria ameaçado. Para isso, eles guardam um presentinho para a posteridade, a "Opção Sansão". Como o nome indica, significa botar pra quebrar com todos aqueles que resolveram tirar uma onda com a cara do filhote de Theodor Herzl, estejam envolvidos ou não.

A hipótese de uma série de mísseis Jericho chovendo sobre as capitais árabes e de quem estiver ao alcance, e de quebra iniciando um conflito em escala global, pra mim não é o melhor dos cenários. Por um lado, Bush está certo, embora eu não concorde com ele na esmagadora maioria dos casos. Mas mais chantagem faz Israel que o Irã.

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