22 de outubro de 2007

R.I., Uma Cachaça

Até a semana passada, como se já não bastasse o constante estado de tensão vivido pelos habitantes do Oriente Médio, o governo turco bombardeou posições do Partido dos Trabalhadores do Curdistão no Iraque, segundo o governo do subsequente. O PKK, em sua sigla em curdo, é uma organização de caráter separatista que deseja unificar as áreas onde possuam maioria étnica no Iraque, Irã, Azerbaidjão e, claro, Turquia. Por motivos óbvios, governos dos 4 países os oprimem com mão de ferro. Saddam Hussein chegou ao cúmulo de usar armas químicas contra eles em 1987, proporcionando uma das cenas mais horrendas que já vi no fotojornalismo: um bebê morto parcialmente coberto pela mãe igualmente defunta, com a boca aberta em desespero e o rosto coberto por um pó branco proveniente do gás.

O estabelecimento de uma região autônoma no norte do Iraque foi visto como uma óbvia vitória para eles, na luta para o estabelecimento de um país na região, que é bem montanhosa. Os turcos iniciaram a ação com um ataque de artilharia, chegando a destruir uma ponte e atingindo áreas rurais. O legislativo iraquiano ainda está decidindo que ação vai tomar a respeito, se bem que não se pode esperar muita coisa de um país que está às voltas com a violência interna, uma ocupação dos EUA e um exército em péssimas condições. De qualquer jeito, era motivo de esperar-se uma crise diplomática séria, pra dizer o mínimo.

Mas vejam como as Relações Internacionais são engraçadas e surpreendentes: o PKK pediu arrego e anunciou que vai negociar uma trégua nos próximos dias com o governo de Ankara. E eu que estava apostando num recrudescimento sério do conflito ao ponto de estender-se a uma ação séria no Mediterrâneo, contra os Gregos. Acho que ainda tenho muito a aprender... e por essas e outras, com muito gosto.

Uma coisa é certa, e que não é nem absurda de se considerar: essa pode ser a desculpa perfeita para a UE recusar a candidatura turca à entrada no clubinho de Bruxelas (palpite de um conhecido meu). Sarkozy e Angela Merkel, quando souberam, devem ter dançado em cima de uma bandeira com crescente-e-estrela...

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