26 de outubro de 2007

Os Novos Brinquedinhos da Defesa

Matéria recente postada no meu think tank conservador favorito, o Defesa@Net, dá conta do programa de rearmamento das forças armadas brasileiras. Não é nenhuma novidade já que o Exército aprovou a produção do seu novo blindado sobre rodas nas instalações da Iveco/Fiat, num controvertido processo de licitação. Agora, a FAB anuncia o processo de licitação para a compra de 12 helicópteros de ataque e 12 helicópteros de transporte pesado, e a Marinha diz que o seu programa nuclear estará concluído em 2014, com o bendito submarino nuclear entrando em atividade em 2020.

Não questiono a necessidade de se manterem forças armadas modernas e bem treinadas, mas me dá calafrios ver o governo dando armamentos novos em folha para oficiais de comando com a cabeça ainda nos tempos do Duque de Caxias e na doutrina de salvação nacional. Certo que eles têm muito a agradecer ao governo Lula - a FAB mesmo não comprava caças novos desde 89. Mas os ecos das lições na ESG ainda são muito mais fortes e possuem mais apelo no imaginário dos homens de farda que qualquer outra coisa. Está aí o escândalo do livro sobre a ditadura, que não me deixa mentir, bem como repetidas declarações sobre projeção de força em outros países da América do Sul.

O negócio é que o Brasil nem em sonho pode pensar em projeção de força, ou exercer hard power, como se diz no linguajar das Relações Internacionais. Uma política de defesa consistente com nossas forças deveria estar baseada em manter uma defesa efetiva de nosso território, bem como manter operações de manutenção da paz junto à ONU. Fala-se em defesa da soberania, quando a própria soberania de nossos vizinhos sulamericanos, bem como a de alguns africanos, está em jogo por questões ideológicas. Não vejo por que teríamos de manter um caríssimo submarino nuclear quando um submarino movido a hidrogênio poderia fazer o mesmo trabalho, com custos mais baixos, embora os comandantes da MB insistam em dizer o contrário.

No fundo, no fundo, isso é a maior vontade de ser potência por parte daqueles que possuem estrelas nos ombros, ainda que seja uma vontade não concretizada.

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