15 de outubro de 2007

Inevitável

Não adianta. Só escrevo aqui porque não adianta mais negar.

Eu achava que poderia passar toda a minha vida sem ter de recorrer a esse esquema. Era evidente, pelo menos até bem pouco tempo atrás, que minha felicidade não iria depender dela, e eu estava disposto a lutar até o fim para não dobrar os joelhos. Mas, pobre ser humano, feito de carne, osso e desejos.

A pressão às vezes parece insuportável. Muitos dos que já se entregaram à ela tentavam me dizer o quanto era irresistível. De início, era um mero recurso para passar incólume pelos problemas da vida. Aos poucos, começaram a descobrir os prazeres do seu uso continuado. Até que chegou o terrível momento a partir do qual não era possível mais passar um dia sem ela.

Ela está por toda a parte, em todos os círculos sociais. Gente de todos os estratos faz uso dela. Pode ser comprada em qualquer lugar, até mesmo sob os olhos de complacência da polícia. Membros do aparato repressivo do Estado fazem uso continuado da mesma, até. Para muitas pessoas virou até mesmo um mecanismo de contato social.

Eu também me rendi. Para manter minha performance nesse mundo competitivo, não tive outra escolha.

O doce aroma da xícara de café embriaga meus sentidos.

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