4 de setembro de 2007

"Ah!!! É Mercenário!!!"

Pode-se dizer que é uma época perigosa, essa nossa. A visão do governo americano ultimamente parece a de uma igreja evangélica de garagem. A diferença entre um e outro é que os últimos vêem o demônio por toda a parte, e os primeiros, quase isso, já que só vêem terroristas muçulmanos. A semelhança entre um e outro é que ambos estão lucrando devido ao que dizem ver. Os últimos lucram dos fiéis, que em sua maioria pagam pra ter uma salvação rápida dos pecados que dizem ter na mente. Já a Casa Branca lucra de um monte de fontes: eleitores assustados (e em alguns casos, canalhas mesmo) do Partido Republicano, empresas petrolíferas, empresas de armamentos...

E empresas de segurança privada. Nome utilizado para um fenômeno que já é mania das elites do país, que pagam um absurdo para ter aquilo que o Estado não fornece, a segurança - mas que, de uma maneira mais indireta mas ainda assim relacionada com o problema, poderia se resolver também se muita gente aceitasse e lutasse por uma melhor distribuição de renda. Só que, enquanto cá, do lado sul do continente americano, tem gente que já reclama do caráter de exército privado que muitas destas empresas já possuem, não imaginam o que já se faz por lá. Mais precisamente uma obscura companhia conhecida como Blackwater USA.

A Blackwater começou como uma empresa de segurança destinada a fazer aquilo que já conhecemos, como transporte de valores, proteção pessoal e patrimonial, e por aí vai. Só que eles perceberam o filão que se escondia também em conflitos internacionais, onde poderiam realizar diversas tarefas, entre elas a proteção de instalações militares, autoridades governamentais, e... treinamento de forças armadas, fornecimento de tropas para combate e fabricação de armamentos.

Eles não são tão cara de pau a ponto de admitir isso. Mas está na cara que o nome disso é mercenarismo. A coisa para a Blackwater está tão avançada que eles já possuem uma off-shore baseada nas Bahamas para a contratação de pessoal de países do Terceiro Mundo, estão em processo de compra de aviões Embraer Super Tucano para combate contra-insurgência e desenvolveram um veículo blindado próprio, o Grizzly. Também estão em processo de compra de uma propriedade rural na Califórnia para treinamento militar de um grande número de pessoas, bem como no desenvolvimento de um UAV, na prática um aeromodelo sofisticado capaz de lançar até mísseis.

Agora, me digam uma coisa: uma organização dessas, tão bem estruturada e com tantos recursos humanos e materiais, não poderiam oferecer aos EUA um risco maior que a Al-Qaeda, já que estão bem pertinho?

Lógico que não. Primeiro, porque a Blackwater trabalha na segurança de diversas instalações do Exército norte-americano no Iraque e Afeganistão. Inclusive, dão treinamento aos exércitos destes países. Segundo, terrorista por terrorista, é melhor proteger alguém que "jura fidelidade à bandeira americana e a tudo o que ela representa...".

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