10 de setembro de 2007

People's General

Semana passada, parece que o novo Ministro da Defesa, o sr. Nelson Jobim, começou a realmente mostrar a que veio. Para aqueles mais preguiçosos em clicar nos links, eu explico:

O mais recente livro governamental documentando casos de torturas e desaparecimentos durante os anos de ditadura militar (1964-1985) gerou um tremendo mal-estar dentro das casernas, e com razão, ao menos para estes. Ninguém gosta de revelar os esqueletos que guarda no armário, não é verdade? Mas o atual comandante do Exército foi além e divulgou uma nota repudiando firmemente a lei da Anistia política, instrumento criado com a intenção de "zerar o jogo" para ambos os lados, prescrevendo os crimes cometidos por organismos de resistência à ditadura, pessoas acusadas de crimes políticos, e, hã, bem, agentes oficiais ou a serviço do governo da época em ações de repressão à oposição. Curioso, não?

A iniciativa do governo, que faz uma mea-culpa do Estado brasileiro, foi vista dentro dos quartéis como sendo um primeiro passo rumo aos julgamentos dos diretamente envolvidos nos diversos crimes de ruptura da liberdade de expressão e pensamento político, tortura e assassinatos. Vendo a carta dos homens de farda, Jobim não teve dúvidas e ameaçou o general de Exército Enzo Martins Peri com a exoneração do cargo. Parece que o quatro-estrelas abaixou o facho depois dessa. Uns mais alarmistas dizem que ele está fulo de raiva a ponto de organizar um golpe, mas eu duvido. Principalmente depois que o diretor da famigerada ESG convidou João Pedro Stédile, há alguns anos atrás, para fazer uma palestra sobre a questão fundiária para diversos oficiais de alta patente. E, na visão de um importante historiador (embora se conteste na visão de quem), este é na verdade o primeiro passo para a completa superação de nossos traumas políticos da segunda metade do século XX.

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