24 de setembro de 2007

Soa Familiar


























"Seja um cidadão de bem, junte-se ao BOPE!"

Ontem, o programa Fantástico, da TV Globo, mostrou as primeiras imagens oficiais e públicas do filme Tropa de Elite, considerado polêmico sob muitos aspectos. Primeiro, porque foi pirateado ao extremo - dá pra encontrar em qualquer esquina. Segundo, porque a forma pela qual trata o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (BOPE) é considerada por muitos "gloriosa", embora o que se veja ali seja uma sessão de tortura explícita.

O diretor nega. Para ele, a colocação de uma espécie de contraponto entre a corrupta polícia ostensiva carioca e o esquadrão especial inabalável, orgulhoso de seu treinamento, mas ao mesmo tempo violento e autoritário não se constitui como tal. Para ele, "a tortura perpetrada pelos policiais é de longe muito pior que a corrupção". Mas o fato de ter ex-policiais na produção ajuda a explicar um pouco essas posições.

Mas o filme, de uma maneira geral, mais acerta que erra. A polícia do Rio é, sim, reconhecida por ser uma das mais corruptas do país, mas as raízes da corrupção são mais complexas e não cabe aqui me reduzir a um simplismo. Do mesmo jeito, é sabido que a maior parte dos lucros do tráfico é fornecido pela classe média do "asfalto" - a mesma que se indigna com assassinatos brutais de seus irmãos em renda, pede pena de morte toda vez que uma menina bonita morre e faz trocentas passeatas vestidos de branco pedindo paz. Medidas inócuas e que não atacam de fato a raiz do problema.

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