14 de setembro de 2007

Algo Que Não Se Pode Parar

Sente-se que o tempo está passando quando muitas de suas referências antigas começam a deixar de existir. Antes de transformar-se no carnaval de breguice que é hoje em dia, o SBT era, digamos, mais contido, e fornecia uma alternativa razoável na minha infância à Globo e à Manchete (obviamente, quando acabavam os desenhos das tartarugas ninja, do karatê kid e os tokusatsu japoneses). Mas como era de esperar-se, os bons programas de minha infância foram acabando. Primeiro Bozo, depois Sérgio Mallandro (na época que este ainda se dava algum respeito). Agora, um dos últimos resquícios dessa época morre.

No caso, Pedro de Lara. Jurado de programa de calouros por excelência, era turrão, levava vaias da platéia, mas era mais engraçado que Sílvio Santos, os calouros, Sônia Lima e Décio Piccinini juntos. Ele também interpretava um tal de Salci-fufu no programa do Bozo, do qual eu tenho apenas uma vaga lembrança e não mais. Quando o que prestava (afinal de contas, existe o trash que vale a pena ser visto e, bem, o resto na mesma categoria) no SBT acabou e foi substituído por programas de baixaria e novelas mexicanas, comecei a perceber que a televisão perdera seu encanto de infância. Por um lado foi bom. Por outro, nem tanto.

Pedro de Lara morreu de uma maneira que seria cômica, se não fosse trágica: recusando-se a tratar um câncer de próstata. Para alguém tinha pecha de brabo, ainda mais vindo de uma cidade no limite do agreste com o sertão, Bom Conselho, não poderia imaginar que agisse de outra forma, ainda que isto tenha custado sua saúde.

Acho que é assim que a gente vai percebendo que está ficando velho.

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